O Club Desportivo Portalegrense celebrou no dia 26 de Julho o seu 100º aniversário, tendo a data sido assinalada, entre outras iniciativas, com a inauguração da placa comemorativa do centenário, numa cerimónia simples que decorreu na segunda-feira, mas carregada de simbolismo e emoção. Este acto assinala um marco histórico para uma das instituições desportivas mais emblemáticas de Portalegre, celebrando 100 anos de dedicação ao desporto e à comunidade.

A placa, colocada nas instalações da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Portalegre, remete para as origens do clube, cuja fundação ocorreu no então Liceu Nacional de Portalegre. Nela estão gravadas a primeira acta do clube e os nomes dos seus fundadores, perpetuando a memória daqueles que deram início a esta história centenária.

A cerimónia contou com a presença de várias entidades e personalidades ligadas ao desporto e à comunidade local, entre as quais Daniel Carriço, antigo jogador do Sporting e do Sevilha, em representação da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que transmitiu uma mensagem do presidente da FPF, Pedro Proença, bem como o presidente da Associação de Futebol de Portalegre, Daniel Pina, o presidente do Grupo Desportivo Portalegrense, José Raposo, o director e do subdirector da ESECS, professores João Alves e Alexandre Martins, o deputado à Assembleia da República eleito pelo círculo de Portalegre, Luís Testa, e o vereador da Câmara Municipal de Portalegre, Marco Sales Cardoso, reforçando a importância institucional e simbólica desta celebração, e ainda de Francisco Madeira, filho de um dos fundadores, Florindo Eugénio Madeira.

Daniel Carriço disse ser «uma honra estar presente» neste momento tão «importante e marcante para toda a história não só do Clube mas também da cidade. Ao descerrar esta placa celebramos a história de todos nós, celebramos o centenário do Club Desportivo Portalegrense e a sua história magnífica», frisou, sublinhando a simbologia deste gesto em que «recordamos a memória feliz do grupo de pessoas que um dia tiveram a coragem e a visão de viver o desporto de Portalegre de uma forma tão pura e fantástica», com o qual «celebramos os títulos e os marcos importantes, o passado mas com certeza que todo o esforço e sacrifício vivido em conjunto com o trabalho presente nos projecta para um futuro promissor», motivo pelo qual «a Federação Portuguesa Futebol sente orgulho em cada dia que o Club Desportivo Portalegrense escreveu na história porque isso significa o verdadeiro espírito do empreendedorismo e do trabalho da comunidade».

Orgulho e continuidade para as próximas gerações

Na intervenção de Felisberto Ceia da Silva, vice-presidente do clube, o dirigente destacou a ligação pessoal e familiar à instituição, dizendo que «é um orgulho estar aqui hoje, 100 anos depois, com a responsabilidade de ajudar a projectar este clube para o futuro. Este momento é a prova da força da nossa história e do nosso compromisso com as novas gerações».

Fundado em 1924, o Club Desportivo Portalegrense construiu uma trajetória marcada por títulos e feitos memoráveis, entre os quais se destacam as conquistas do Campeonato Nacional da 3.ª Divisão em 1976 e 1987/88 e o troféu Centenário do Diário de Notícias. Para além das vitórias, o clube tem sido um espaço de inclusão e formação, mantendo vivo o espírito desportivo na região, contando actualmente com cerca de 250 atletas entre todos os escalões, bem como vários atletas na modalidade de Judo.

Com esta cerimónia, o centenário do Club Desportivo Portalegrense reafirma-se como uma página importante na história do desporto alentejano, projectando-se para o futuro com a mesma paixão e dedicação que inspiraram a sua fundação.

Celebrar o passado com objectivos para o futuro

O aniversário do centenário do Club Desportivo Portalegrense, que se assinalou no sábado, dia 26, foi celebrado neste dia em “família”, com um almoço convívio que reuniu órgãos sociais, antigos e novos atletas e dirigentes, treinadores, equipas técnicas e sócios.

O momento mais formal da celebração, e que antecedeu o cantar dos parabéns, contou com alguns discursos, nomeadamente do presidente da Direcção, José Raposo, do presidente da Associação de Futebol de Portalegre, Daniel Pina, e da presidente da Câmara Municipal de Portalegre, Fermelinda Carvalho.

José Raposo abriu os discursos sublinhando que «quem fez esta data importante foram os que antes de nós cuidaram para que o clube chegasse até aqui. Agora, cabe-nos garantir que, daqui a cinco ou 100 anos, o Portalegrense continue vivo», afirmou, apelando a um maior sentido de pertença por parte das camadas mais jovens para que isso possa ser possível, e traçou ainda alguns objectivos para a próxima época, consciente da importância de aprender com o passado para que o presente seja feito com passos firmes para o futuro.

Entre os desejos para o futuro, o dirigente aproveitou para fazer três pedidos que considera essenciais: ajuda para liquidar as carrinhas utilizadas pelo clube, uma sede com melhores condições e a colocação de um piso sintético no campo de futebol da Freguesia de Urra, medida considerada fundamental para a evolução do desporto na região.

Daniel Pina, presidente da Associação de Futebol de Portalegre, destacou o significado da data. «Cem anos não são cem horas ou cem dias. É muito tempo, marcado por vitórias e adversidades. O Portalegrense é hoje uma entidade formadora certificada e continuará a afirmar a sua marca no futuro», afirmou, reforçando o papel do clube como um dos pilares do futebol distrital.

Já Fermelinda Carvalho, presidente da Câmara de Portalegre, enalteceu o impacto do clube na vida da comunidade. «É um marco histórico e um orgulho para Portalegre. A Câmara tem apoiado as coletividades e continuará a trabalhar para melhorar as condições, incluindo a requalificação do campo», disse, garantindo empenho para que o Portalegrense tenha mais meios para crescer.

Um livro, uma paixão, uma causa

Nos anos 70, Jorge Gruart Vila passou por Portalegre como jogador do Club Desportivo Portalegrense, e ficou apaixonado, pela cidade, pelas pessoas e pelo clube.

Várias décadas depois, Jorge Vila decidiu eternizar essa vivência num livro de memórias com enorme valor sentimental, escrito na forma como aprendeu português — simples, sentido, genuíno, o qual foi dado a conhecer, com a presença do autor, no almoço convívio comemorativo do centenário.

Com muitas histórias e um valioso acervo fotográfico da época, esta obra é uma homenagem à cidade, ao clube e a todos os que fizeram parte daquele tempo e todo o valor arrecadado com a venda do livro reverterá a favor do clube para aquisição de material desportivo para os jovens atletas.

Esta iniciativa do antigo jogador foi feita em parceria com o Club Rotary de Portalegre, contando com o contributo do presidente cessante, Luís Santos.

(Reportagem do Centenário do Club Desportivo Portalegrense publicada na nossa edição impressa de dia 30 de Julho de 2025, juntamente com uma resenha histórica recolhida e escrita por Mário Casa Nova Martins)