
Os magníficos dias atlânticos foram tema de canção que atingiu os tops musicais no final dos anos 80 do último século. Nessa época, a Adega d’Arroncha era ainda um projeto por nascer. Recuperando terrenos e a ligação da família Rato às vinhas, somente em 2018 chega ao mercado a primeira produção. “Este é um projeto iniciado pelos nossos avós, tecido ao longo de três gerações, impulsionado pela geração presente, e projetado nos nossos filhos”, pode ler-se na apresentação do produtor.
A evolução e expansão faz-se com o Atlântico à vista e Montejunto no horizonte. No município da Lourinhã, a Adega d’Arroncha ganha projeção com a inauguração da Adega d´Arrocha, um edifício que se destaca nesta área rural e que, além da capacidade para 300 mil litros, acrescenta uma loja e a oferta de experiências de enoturismo, entre visitas, provas e eventos vínicos. A obra ficou totalmente pronta em 2024.
Associado a este crescimento está o nome de Ricardo Oliveira Guimarães, o enólogo desta casa já com vinhos premiados, como o tinto Carlotas Reserva 2019, e no último ano, o Adega d’Arrocha Fernão-Pires Reserva 2022, arrecadou a distinção de “Melhor Branco” atribuído pela Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVR Lisboa). “Com vinhas a 300 metros do mar, somos o projeto mais Atlântico em Portugal”, orgulha-se Ricardo Oliveira Guimarães.
Referência ainda para o trabalho de viticultura e enologia que está a ser realizado com as castas brancas, nomeadamente, Seara Nova, Fernão Pires e as autóctones Arinto e Vital, que chegou em tempos a estar à beira da extinção. “Quando iniciámos o projeto, um dos nossos objetivos da Adega d’Arrocha foi pegar na casta Vital e a razão maior deve-se ao facto de ter origem histórica na nossa região, mais precisamente, no concelho da Lourinhã, mas também por ser a casta mais importante para a produção de Aguardente DOC Lourinhã”, explica o enólogo.
Almoço e prova na ilha Berlenga
“Mar, sal, frescura e acidez” definem o caráter atlântico dos brancos da região de Lisboa e esta ligação promovida pela Adega d’Arrocha teve recentemente uma grande novidade: o primeiro vinho branco da região de Lisboa a estagiar no fundo do mar. O vinho foi apresentado a partir de um evento enoturístico de descoberta das Berlengas.
Depois do desembarque na maior ilha do arquipélago das Berlengas foram dadas a conhecer as novidades da adega no restaurante Mesa da Ilha, com as várias referências, entre rosé e brancos, a harmonizarem com atum curado, salada de polvo e de ovas de bacalhau. A refeição foi coroada com uma memorável Caldeirada à Pescador, um dos pratos de referência deste espaço, onde Filipe, pescador e cozinheiro, lidera todo o processo, da escolha do peixe, que também já matura, até à integração de vinhos regionais.
Nove meses afundado
Ao largo de Peniche, o “Vital do Mar”, esteve afundado durante nove meses a uma profundidade de 18 metros. Esta experiência com cerca de 30 garrafas teve como ponto de partida o exclusivo “Adega d´Arrocha Vital Grande Escolha 2023”, produzido a partir de vinhas plantadas em Ribamar (Lourinhã) e que contou com um estágio inicial em cubas de inox. “De cor amarelo cítrico, este é um vinho aromaticamente exuberante, com uma presença marcadamente tropical, onde se destacam notas de ananás e maracujá maduros e ainda um ligeiro toque de limão. Na boca, é intenso, estruturado e fresco, com uma mineralidade e salinidade notáveis, o que lhe confere o caráter único e diferenciador da casta Vital”, pode ler-se na nota de prova.
O “Adega d´Arrocha Vital Grande Escolha 2023” chega ao mercado em agosto, através de um pack especial de duas garrafas em caixa de madeira (€75), onde se inclui o vinho estagiado no fundo do mar para uma prova comparativa da influência da pressão e temperatura na evolução desta produção exclusiva.
Experiências de enoturismo
No âmbito das iniciativas de enoturismo desenvolvidas pela Adega d’Arrocha (Rua Pedra do Sino, 3, Casais Fonte de Lima, Lourinhã. Tel. 961667495 / 261461384) está agendado para 30 de agosto, um jantar especial (€70, com vinhos), com convida a “descobrir rótulos inesquecíveis e harmonizações surpreendentes”, que marcaram o enólogo Ricardo Oliveira Guimarães, através de um menu exclusivo com showcooking, em parceria com o restaurante japonês Yakimura Sushi, sedeado na Lourinhã.
Já para entender melhor a influência do mar na identidade deste produtor pode reservar a prova “Atlânticos” (€40), que inclui a prova de seis referências de brancos.
Vinhos de Lisboa em expansão
Os números de 2024 confirmam a dinâmica de uma região que, pela especificidade do terroir atlântico e pelo perfil de elegância e frescura, “responde da melhor forma às novas tendências de consumo no mercado e ao cenário de abrandamento mundial no setor”, anuncia a Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVR Lisboa), que destaca as subidas nas vendas de vinhos brancos, rosé e “Leve Lisboa”.
A venda de 69 milhões de garrafas no último ano (80% para exportação), que representa um crescimento de 5%, é a “confirmação absoluta de que os vinhos da Região de Lisboa impõem-se cada vez mais no mercado, indo ao encontro de um perfil de consumo que procura sobretudo elegância, frescura, potencial gastronómico e também álcool mais discreto”, avança Francisco Toscano Rico, presidente da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa.