O partido ADN-Madeira veio a público, esta quarta-feira, criticar duramente o Governo Regional da Madeira pela forma como tem tratado os motoristas de transporte coletivo rodoviário de passageiros, acusando o executivo de "menosprezar" esta classe profissional, apesar das promessas feitas durante a campanha eleitoral para as Regionais.

Num comunicado divulgado hoje, o partido lamenta a falta de reconhecimento por parte do Governo para com os profissionais que têm diariamente no transporte de pessoas desde as 6 horas da manhã até 1 hora da manhã, 7 dias por semana, "em turnos que muitas vezes nem permitem o necessário descanso entre carreiras".

O ADN-Madeira vai mais longe e acusa o Governo Regional de “pura hipocrisia” ao promover a utilização dos transportes públicos enquanto "despreza aqueles que obtiveram as formações necessárias e obrigatórias para poderem exercer esta digna profissão e assumirem a responsabilidade de conduzir a nossa população regional de forma segura e responsável".

O partido sublinha que o investimento em novos autocarros não é suficiente se não for acompanhado pela valorização dos profissionais que os operam. "Não basta novos e bonitos autocarros, é necessário quem os conduza de forma segura e responsável e esses profissionais devem ser reconhecidos pelo Governo Regional de forma a dignificar a profissão de risco que assumiram e desempenham", refere o comunicado.

As exigências dos motoristas, que incluem uma actualização de 7% na tabela salarial para acompanhar o aumento do salário mínimo regional, são, segundo o ADN-Madeira, “absolutamente legítimas”, mas o partido defende medidas adicionais. Entre elas está a revisão da idade da reforma para esta classe profissional, dado o “elevado desgaste físico e psicológico diário”, considerando que "não sendo admissível e seguro que tenham de esperar até aos quase 68 anos conduzindo autocarros para poderem se aposentar sem penalizações de antecipação".

Recordando o seu apoio aos motoristas durante as recentes greves em plena campanha eleitoral, o ADN-Madeira garante manter a solidariedade com a classe, mesmo sem representação na ALM. O partido alerta ainda para o silêncio dos restantes deputados eleitos: "Lamentamos que nenhum dos 47 deputados eleitos a 23 de Março se manifeste a favor destes seres humanos que também têm família para sustentar e sofrem da mesma inflação, tal como qualquer outro cidadão comum".

O ADN-Madeira conclui o comunicado expressando esperança de que não sejam necessárias mais greves, que “só penalizam a população que necessita de transporte” e agravam o trânsito nos dias de paralisação.