
Ondas de até quatro metros vão marcar os próximos dias na costa portuguesa. A agitação marítima, provocada pela depressão extratropical que resultou do furacão Erin, deverá sentir-se a partir de terça-feira, sobretudo no litoral ocidental. Ao Expresso, a meteorologista Maria João Frada, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), explica o que esperar.
A partir de terça-feira, prevê-se forte agitação marítima em Portugal, com ondas que vão ser bem maiores do que o normal deverão ser de longo período, entre 15 a 20 segundos. “Quando estamos na praia sentimos ondas que rebentam rapidamente e passam, mas há outras que se mantêm durante mais tempo”, explica a metereologista. “Estas ondas de longo período têm mais energia, mais força.”
Após o pico de maior agitação, que será terça e quarta-feiras, o IPMA prevê que a ondulação deverá manter-se forte nos mares portugueses até ao dia 30. “Continuaremos com ondas que não ficam abaixo de 1 metro a 1 metro e meio”, refere a meteorologista, apontando ainda para movimentos de “2 a 3 metros na costa ocidental, o que também é bastante significativo”.
É necessário ter cuidado nas praias?
Sim. Nesta altura do ano, em que muitas pessoas continuam a frequentar as praias, será preciso ter “muito cuidado”, alerta. A cautela deve-se não só ao tamanho das ondas, mas também ao seu período prolongado, que traduz maior intensidade.
É também provável que algumas praias nos distritos sob aviso amarelo venham a hastear bandeira vermelha, restringindo o acesso ao mar.
Quais as regiões mais afetadas?
Dez distritos vão estar sob aviso amarelo entre terça e quarta-feira: Porto, Faro, Setúbal, Viana do Castelo, Lisboa, Leiria, Beja, Aveiro, Coimbra e Braga. O aviso amarelo indica risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica, mas é o menos grave.
Outros países também serão afetados, sobretudo os com costa a norte de Portugal, como a Islândia, as ilhas Britânicas e França.
Qual a causa deste fenómeno?
A origem está numa combinação de fatores. Por um lado, a influência de uma depressão que foi, anteriormente, o furacão Erin. “Neste momento, o furacão Erin já não existe”, esclarece Frada, explicando que o fenómeno é agora classificado como uma “depressão extratropical”.
Atualmente localizada a sul da Islândia, a ex-Erin desloca-se para norte. “Tem uma pressão bastante baixa no centro”, detalha a meteorologista. A partir de terça-feira, essa pressão deverá aumentar e a depressão deverá mover-se em direção às ilhas Britânicas.
Além da ex-Erin, o anticiclone dos Açores exerce influência sobre a região. A interação entre estes dois sistemas origina “ventos fortes no Atlântico Norte, que geram ondas em direção à costa de Portugal Continental” e a outros países vizinhos.
Texto escrito por João Sundfeld e editado por Mariana Adam