Há novos dados sobre a acumulação de funções do demissionário diretor executivo do SNS. Sabe-se agora que Gandra d'Almeida fez bancos no Hospital da Guarda quando ainda dirigia o INEM do Norte e foi pago por isso. Já se sabia que tinha feito o mesmo no Algarve e em Gaia, numa acumulação que a lei proíbe e que acabou por levar à demissão.
A Portimão, Faro e Gaia junta-se a Unidade Local de Saúde da Guarda. António Gandra d' Almeida foi cirurgião tarefeiro no hospital distrital e só deixou de fazer bancos na semana anterior a tomar posse como diretor executivo do SNS.
Gandra d'Almeida foi nomeado a 22 de maio e no dia 14 desse mês ainda assegurou a escala de cirurgia, como comprova o documento a que a SIC teve acesso.
É só um detalhe porque nessa altura o demissionário diretor executivo do SNS já não mandava na direção do INEM do Norte visto que cessou funções a 31 de janeiro de 2024.
Agora, relevância para a acumulação ilegal de funções. Tem a escala de dezembro de 2023 da urgência médico-cirúrgica da Guarda. Está claro que Gandra d'Almeida, identificado com a abreviatura António G., fez bancos nos dias 5 e 26.
Além da prova documental, a SIC confirmou junto da então diretora da urgência, Adelaide Campos, que Gandra d'Almeida chegou à Guarda pelo diretor da cirurgia e foi tarefeiro durante o período em que dirigia o INEM.
Tal como revelou a investigação SIC, o INEM autorizou a prestação de serviços desde que não fossem remunerados. Mas foram. Gandra d'Almeida tentou contornar a lei, fazendo-se pagar através de duas empresas: uma delas, Raiz Binária, criada com a mulher em 2014, e outra, Tarefas Métricas, fundada em 2019 e apenas titulada pelo CEO demissionário do Serviço Nacional de Saúde. Com ambas arrecadou milhares de euros.
A SIC pediu dados da contratação de Gandra d'Almeida à administração da ULS, mas ainda não foram cedidos.
Mal foram conhecidos os primeiro dados na investigação SIC de sexta-feira, Gandra d'Almeida pediu a demissão. A ministra da Saúde aceitou e aguarda-se que seja nomeado o sucessor.