O presidente da Associação Ateísta Portuguesa lamentou hoje a morte do "ser humano Papa Francisco" e relevou "algumas posições" que teve enquanto chefe do Vaticano, lamentando que noutros casos não tenha feito o suficiente.

João Lourenço Monteiro falava à agência Lusa a propósito da morte do Papa Francisco, hoje aos 88 anos.

O responsável, líder de uma associação que não crê em divindades, foi questionado pela Lusa sobre as posições do Papa em relação a temas sociais, do aborto à eutanásia e à homossexualidade, da emergência de populismos às alterações climáticas.

Lamentando a morte do ser humano Francisco, porque todos os seres humanos são importantes, João Lourenço Monteiro salientou que no exercício da sua atividade enquanto líder do Estado do Vaticano teve posições coerentes e recorrentes, como em relação à defesa do ambiente e biodiversidade, com uma "boa postura", mas ziguezagueou noutros temas, como o do movimento LGBT.

Em algumas intervenções "pareceu haver sinais de abertura da Igreja Católica, mas logo a seguir retrocedia", disse, criticando também a posição do Papa em relação ao aborto ou à eutanásia (contra), não respeitando as decisões dos indivíduos e os direitos das mulheres.

"Nenhuma pessoa é santa, o Papa é um ser humano como qualquer outro, que por vezes parece estar correto e outras não", afirmou, reconhecendo que a Igreja não tem apenas uma sensibilidade e que a isso se pode dever comentários mais progressistas e outros menos.

"Não é fácil para quem está à frente de uma organização. Mas devia ter ido mais longe. Falhou na ação. Devia ter sido mais importante na parte de influenciar mais a ação", em temas como os direitos sociais, a fome, a pobreza, a comunidade LGBT, disse João Lourenço Monteiro.