
A Associação de Futebol da Madeira (AFM) já deu conta à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) do seu descontentamento face à proposta de alteração do Regulamento dos Campeonatos Nacionais de Futebol Jovem, que implicam a redução do número de equipas insulares a participar em cada escalão.
Nesse sentido, o organismo liderado por Rui Coelho já remeteu uma carta à Federação dando conta dessa discordância quanto à limitação da participação a uma única equipa por Região Autónoma e prevê uma distribuição geográfica das séries que põe em causa o modelo de certificação defendido pela Federação, aspecto já noticiado pelo DIÁRIO, na sua edição impressa, no dia de ontem.
Entende a AFM que estamos perante um "retrocesso histórico na integração das Regiões Autónomas no contexto competitivo nacional", pondo mesmo em causa dos "princípios fundamentais do ordenamento constitucional e desportivo português".
Nessa missiva, o organismo regional aponta três aspectos que considera fundamentar essa sua posição, nomeadamente a violação do princípio da continuidade territorial, consegrado na Constituição Portuguesa; o condicionamento da verdade desportiva, pois, segundo apontam, "mesmo que duas equipas da mesma Região Autónoma alcancem desportivamente o direito de participar na I Divisão, apenas uma delas o poderá exercer"; e a incompatibilidade com a carreira dual e com a coesão territorial, sobretudo devido aos constrangimentos logísticos significativos impostos aos clubes madeirenses, que são agravados, diz a AFM, com a nova proposta.
Com base nessas premissas, entende a Associação de Futebol da Madeira que "este regulamento, a ser aprovado, desvirtua o conceito de Campeonato Nacional e transforma-o, de facto, num campeonato de âmbito continental". E, perante o que dizem ser um "problema político, estratégico e ético", os clubes madeirenses e a entidade que os representa exigem "uma resposta corajosa e justa da FPF".
Por conseguinte, pedem que seja excluída a limitação de apenas uma equipa por Região Autónoma da proposta de alteração e apelam à garantia de "aplicação de critérios uniformes e justos a todas as regiões do País". A par disso, instam a FPF a promover "um verdadeiro modelo de coesão territorial, que assegure que o talento e o esforço de qualquer atleta, independentemente da sua origem geográfica, possam ser recompensados com igualdade".
Por fim, na missiva a que o DIÁRIO teve acesso, a AFM pede a reformulação da lógica de distribuição geográfica das séries, "garantindo que os agrupamentos das equipas tenham em conta a realidade logística, as acessibilidades aéreas das Regiões Autónomas e tenha como critério prioritário a optimização das condições de viagem e não a aplicação de soluções arbitrárias que penalizam injustamente os clubes e os atletas insulares", não deixando de se mostrar disponível para o diálogo.