
Na operação "Midnight Hammer", participaram cerca de 125 aviões, entre os quais bombardeiros B-2 que lançaram bombas 'antibunker' de 13.600 quilos sobre duas unidades iranianas de enriquecimento de urânio consideradas essenciais, Fordo e Natanz, ao passo que um submarino disparou mísseis Tomahawk sobre a central nuclear de Isfahan, indicou o chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, o general Dan Caine.
Num relato das cerca de 36 horas de duração da operação, o general Dan Caine disse que esta foi "o culminar de mais de 15 anos de desenvolvimento e testes" para conseguir penetrar em instalações como Fordo, várias dezenas de metros abaixo do solo.
Segundo Caine, vários militares norte-americanos "comiam, respiravam e sonhavam" com os preparativos para aquele momento.
"Nesta missão havia pilotos homens e mulheres", precisou o general, acrescentando que um dos militares participantes a comparou à "Super Bowl" (jogo final do campeonato da principal liga de futebol americano dos Estados Unidos), devido à envergadura e que, de acordo com os testemunhos dos pilotos, a explosão em Fordo "foi a mais brilhante que já viram".
O chefe do Estado-Maior Conjunto mostrou um vídeo sobre a capacidade das bombas "antibunker" lançadas sobre as instalações iranianas e disse que, durante o desenvolvimento, os cientistas militares foram "os maiores utilizadores de horas de supercomputador nos Estados Unidos".
"Cada arma tinha um impacto, ângulo, alcance, trajetória final e configuração de espoleta únicos. A espoleta é, na verdade, o que indica à bomba quando deve ser ativada. Quanto maior for o atraso na espoleta, maior será a penetração da arma e o impacto no alvo", explicou.
O general indicou que decidiram apontar a dois poços de ventilação em Fordo que os iranianos tentaram cobrir com betão "para tentar impedir um ataque", e garantiu que os planos norte-americanos tiveram em conta as dimensões das coberturas, que foram penetradas, deixando à vista uma abertura para a unidade de produção nuclear.
"Ao contrário de uma bomba de superfície normal, não se verá uma cratera de impacto, porque são concebidas para se enterrarem profundamente e depois funcionarem. Sei que houve muitas perguntas a este respeito. As seis armas em cada conduta de ventilação de Fordo funcionaram exatamente onde deviam", insistiu.
Caine também afirmou que o comando militar "não avalia o seu próprio trabalho", perante perguntas sobre um relatório preliminar dos serviços secretos que limitou a seis meses o atraso causado pelo ataque norte-americano na capacidade do Irão para desenvolver armas nucleares.
"Isso é o que faz a comunidade dos serviços secretos", comentou.
Já o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, defendeu o "êxito retumbante" da operação e atacou as "notícias falsas" divulgadas pela comunicação social "para prejudicar" o Presidente norte-americano, Donald Trump, e diminuir as suas vitórias.
"Se querem saber o que está a acontecer em Fordo, é melhor irem buscar uma pá grande, porque não há ninguém lá em baixo neste momento", concluiu Hegseth.
A conferência de imprensa em tom irritado de Caine e Hegseth realizou-se depois de a comunicação social norte-americana ter noticiado, na quarta-feira, que a Casa Branca está a planear reduzir a troca de informações confidenciais com o Congresso.
Isso, após considerar que a comunicação social desvalorizou a eficácia da operação "Midnight Hammer", ao divulgar após a missão um relatório preliminar dos serviços secretos, enviado do interior do Congresso à estação televisiva CNN ou ao diário The New York Times, que informava que o Irão não estava a desenvolver armas nucleares, e que Trump decidiu ignorar.
ANC // EJ
Lusa/Fim