"O Governo australiano não tolera qualquer tipo de vigilância, assédio ou intimidação de indivíduos ou dos seus familiares aqui na Austrália", afirmou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

"Isto compromete a nossa soberania nacional e a segurança dos australianos" e "estamos a expressar as nossas preocupações diretamente às autoridades chinesas e de Hong Kong", acrescentou.

Kevin Yam, advogado e ativista pró-democracia que também tem cidadania australiana, foi alvo de cartas com a sua fotografia e alegações de que violou a Lei de Segurança Nacional de Hong Kong.

As cartas, noticiadas pela primeira vez pelo jornal The Guardian, ofereciam uma recompensa em um valor equivalente a cerca de 120 mil euros a quem pudesse fornecer informações sobre ele ou pudesse "conduzi-lo a Hong Kong ou à Polícia Metropolitana Australiana".

Numa mensagem nas redes sociais, Kevin Yam fez questão de sublinhar: "Não regressarei voluntariamente a Hong Kong enquanto não for libertado" e "não me suicidarei".

Embora as cartas não estejam assinadas, pedem que as informações sejam enviadas para um endereço eletrónico da polícia de Hong Kong utilizado para denunciar pessoas procuradas.

De acordo com a imprensa, Kevin Yam regressou à Austrália em 2022. Em 2023, o chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee Ka--chiu, pediu a oito ativistas radicados no estrangeiro, incluindo Kevin Yam, que se rendessem por violarem a Lei de Segurança Nacional.

Na altura, defendeu a recompensa oferecida pela polícia por qualquer informação que pudesse levar à sua detenção e instou os ativistas a entregarem-se ou "passarão os seus dias com medo".

Os oito ativistas fugiram depois de Pequim ter imposto, em 2020, a Lei de Segurança Nacional em Hong Kong, para reprimir a dissidência, após protestos pró-democracia em 2019.

 

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