Em 2021, pouco antes das eleições autárquicas, a Câmara Municipal de Carregal do Sal autorizou a venda de um terreno ao próprio presidente do município, Rogério Abrantes, por metade do preço pelo qual o adquirira um ano antes, noticia este domingoo jornal "Público". O comprador era uma empresa de confeções chamada Euroralex, da qual o então autarca do PS era detentor de 92 por cento das ações, assim como presidente do Conselho de Administração.

A venda, que não chegou a concretizar-se, recaía sobre um lote industrial de 10 mil metros quadrados, pelo qual a Câmara pagara perto de 37 mil euros, mas que tencionava vender ao seu presidente por 19 mil. Já em 2007 a autarquia tinha vendido a parcela ao seu anterior proprietário por 26 mil euros. "Ou seja: em 2007 vendeu os perto de 10 mil m2 do lote a 2,50 euros por m2; em 2020 recomprou-os a 3,5 euros o m2 (...); e em 2021 decidiu vendê-la ao seu presidente a 2 euros/m2", lê-se na notícia assinada por José António Cerejo.

Entretanto, o atual presidente do município, Paulo Catalino, também do PS - que jáanunciou pretender recandidatar-se - apresentou uma queixa no Ministério Público sobre a deliberação da venda, que considera “determinada por interesses meramente privados”. A investigação levou Polícia Judiciária a empreender, em março de 2024, buscas nos serviços municipais e na própria Euroralex, após o qual a Câmara declararia a aprovação da venda nula.

Por sua vez, a empresa iniciou uma ação judicial contra a Câmara de Carregal do Sal, na qual exige que esta seja obrigada a vender-lhe o lote pelo preço autorizado em 2021 e pede uma indemnização de 522 mil euros. O processo ainda corre no Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu.