O Banco de Portugal (BdP) revê em forte baixa o crescimento da economia para este ano, passando as estimativas para 1,6% no boletim de junho face às últimas previsões.

Estas previsões são assim mais pessimistas do que as do executivo, sendo que no Orçamento do Estado para 2025, o Governo tinha apontado para um crescimento do PIB de 2,1%, mas reviu em alta essa projeção no Relatório Anual de Progresso, entregue a Bruxelas, para 2,4%.

Por outro lado, o BdP reviu em alta as previsões para 2026, de 2,1% para 2,2%, enquanto a estimativa para 2027 se mantém num crescimento da economia de 1,7%.

Banco de Portugal agrava previsão de défice de 2026 para 1,3%

A instituição liderada por Mário Centeno prevê, também, o deterioramento do saldo orçamental nos próximos anos e o regresso a uma situação deficitária. “Preveem-se défices orçamentais de 0,1%, 1,3% e 0,9% do PIB em 2025, 2026 e 2027, respetivamente, em resultado de políticas pró-cíclicas expansionistas”.

“O rácio da dívida pública continua a diminuir ao longo do horizonte da projeção, passando de 94,9% em 2024 para 85,8% em 2027, mas o ritmo de redução é inferior ao dos últimos anos. Em 2026, o endividamento público português pode ficar abaixo da média dos países da zona euro.”

BdP perspetiva um abrandamento do emprego e dos salários

É esperado um abrandamento do emprego e dos salários, com a “taxa de desemprego a manter-se estabilizada em 6,4%. A inflação converge para valores ligeiramente inferiores a 2% no horizonte de projeção, refletindo menores contributos dos preços dos serviços e dos bens energéticos”.

“As tensões comerciais e a incerteza elevada limitam a atividade económica, mas o alívio das condições financeiras, o reforço da entrada de fundos da União Europeia e a robustez do mercado de trabalho são os efeitos dominantes em 2026”, pode ler-se no boletim.

O Banco de Portugal diz que “os riscos em torno das projeções são negativos para a atividade económica e equilibrados para a inflação” e que o crescimento pode ser menor se “as tensões comerciais se agravarem, se a incerteza económica persistir ou em caso de dificuldades na execução dos fundos da UE”.

Pelo contrário, se Portugal aumentar os gastos na defesa, isso pode ter um impacto positivo na atividade. “A manutenção dos equilíbrios macroeconómicos da economia portuguesa é uma condição necessária para enfrentar um enquadramento internacional desfavorável.”

- Com Lusa