A marca de gelados Ben & Jerry’s avançou com uma ação em tribunal contra a empresa-mãe, a Unilever. A marca queixa-se de ter sido silenciada, quando quis assumir uma posição pública a favor da Palestina, na sequência do conflito em Gaza.

Segundo o jornal TheGuardian, a Ben & Jerry’s afirma que a Unilever ameaçou desmantelar o conselho de administração da marca de gelados e processar os diretores da empresa.

A Ben & Jerry’s já tinha assumido, no passado, uma posição pró-Palestina, quando quis parar de vender os gelados na Cisjordânia por causa da ocupação israelita.

Na altura, a Unilever vendeu a divisão de Israel da marca de gelados a uma operadora local, o que, já então, fez com que a Ben & Jerry’s procurasse levar a empresa-mãe à Justiça. As duas acabariam, contudo, por chegar a um acordo, fechando o caso.

Agora, a Ben & Jerry’s alega que a Unilever violou o acordo, assinado há dois anos, ao pretender desrespeitar a independência do conselho de administração e a responsabilidade social assumida pelo órgão.

As quatro tentativas da Ben & Jerry's

“A Ben & Jerry’s tentou, por quatro vezes, falar publicamente em nome da paz e dos direitos humanos”, afirma a marca de gelados, que diz que procurou, nomeadamente, defender um cessar-fogo em Gaza, apoiar a passagem em segurança dos refugiados palestinianos, aprovar os protestos universitários contra a guerra e apelar ao fim da ajuda militar norte-americana a Israel.

“A Unilever silenciou todos estes esforços”, declara a marca de gelados.

Em resposta, um porta-voz da Unilever rejeitou as acusações feitas pela Ben & Jerry’s, afirmando que a empresa está solidária “com todas as vítimas dos trágicos acontecimentos no Médio Oriente”, e garantiu que vai apresentar uma “defesa forte” no caso

A Ben & Jerry’s - que foi fundada, em 1978, por Ben Cohen e Jerry Greenfield, assumindo a missão de apoiar os direitos humanos - foi comprada pela Unilever no ano 2000. Continuou, apesar de tudo, a ser gerida por um conselho de administração autónomo, que lhe foi permitindo continuar a assumir posições quanto a questões sociais.