
"Não só estão a usurpar a vontade do Presidente (...) como também estão a minar a vontade do povo norte-americano", disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, numa conferência de imprensa um dia depois de Trump ter pedido a destituição de um juiz que tinha suspendido uma operação de deportação de migrantes.
"Ficou claro que este é um juiz ativista que está a tentar usurpar a autoridade do Presidente", disse Karoline Leavitt, numa referência ao juiz James Boasberg.
Este juiz tentou bloquear a deportação, este fim de semana, de 250 imigrantes alegadamente pertencentes a um gangue venezuelano.
Na terça-feira, Trump reagiu a essa tentativa, que falhou por a decisão não ter sido transmitida atempadamente aos serviços de fronteiras, classificando o juiz como "um lunático radical de esquerda" e pedindo a sua destituição.
Poucas horas depois desta declaração de Trump, o presidente do Supremo Tribunal dos EUA, John Roberts, repreendeu o chefe de Estado norte-americano pelas declarações sobre o juiz Boasberg.
"Há mais de dois séculos que se estabelece que o 'impeachment' [destituição] não é uma resposta apropriada para discordâncias em relação a uma decisão judicial. O processo normal de revisão de recurso existe para este fim", disse Roberts, em comunicado.
Na terça-feira, durante uma entrevista televisiva à cadeia Fox News, Trump foi questionado sobre se estaria disposto a contestar ordens judiciais.
"Não. Não podemos fazer isso. Mas temos maus juízes. Acho que chega um momento em que temos de nos perguntar o que fazer quando nos deparamos com um juiz desonesto", respondeu o Presidente norte-americano.
Várias decisões de Trump foram bloqueadas ou suspensas por juízes, em nome do respeito pela Constituição, pelas leis e pelo equilíbrio de poderes.
Na terça-feira, por exemplo, um juiz federal dos EUA levantou a proibição decretada pelo Governo de Trump da presença de pessoas transgénero nas Forças Armadas.
Outros magistrados ordenaram a reintegração de funcionários públicos demitidos ou o retomar de ajuda internacional interrompida por iniciativa do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) encarregado de cortar despesas públicas.
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