As atas foram apresentadas na quarta-feira, durante uma sessão do Conselho Permanente da Organização de Estados Americanos (OEA), onde Jennie Lincoln reiterou que as presidenciais venezuelanas "não podem ser tidas como democráticas".
"Estas atas são a chave (...) trata-se de atas originais da Venezuela, com um código QR, o que é muito significativo, e que permitiu que milhares de testemunhas de milhares de assembleias de voto recolhessem sistematicamente informações a partir dos dados originais produzidos pelo Conselho Nacional Eleitoral" (CNE), disse Lincoln.
A chefe da missão explicou ainda que as atas, de 30.026 assembleias de voto, foram analisadas pela oposição, pelos observadores internacionais e pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido no poder).
"A oposição analisou e também os observadores independentes que tiveram acesso aos dados originados pelo CNE, que mostravam que Edmundo González Urrutia ganhou as votações com 67% e que Nicolás Maduro conseguiu 31%", explicou Lincoln.
Por outro lado, precisou que o acordo com o Governo venezuelano para observar as presidenciais garantia acesso total ao processo eleitoral e a todos os participantes, liberdade de deslocação em todo o país e liberdade de expressão, sem restrição nem filtro algum.
A dirigente do CC acrescentou que a missão foi composta por 17 peritos eleitorais, com uma equipa central em Caracas e outras três nas cidades de Maracaibo, Barinas e Valência.
"O sistema de votação eleitoral venezuelano é excelente. Emite dois comprovativos de papel: a ata que é impressa com a totalização dos votos, que dá um resumo por assembleia de voto e um comprovativo para o eleitor confirmar o seu voto", frisou.
Lincoln explicou ainda que as atas das eleições "são documentos públicos do que é enviado ao CNE, imprimem-se de imediato e dão a todas as testemunhas eleitorais, de todos os partidos políticos, aos observadores e aos cidadãos a possibilidade de totalizar" os resultados.
"A falta de transparência do CNE venezuelano e a sua recusa em fornecer os dados das assembleias, das suas máquinas e atas, para explicar a declaração de um vencedor, não cumpriram as normas internacionais. Os observadores tinham acesso aos dados primários, às atas e deveriam poder confirmar os relatórios das autoridades eleitorais. Esse não foi o caso da Venezuela", explicou a chefe de missão.
A líder da oposição já agradeceu a divulgação das atas, insistindo que Edmundo González Urrutia venceu as presidenciais.
"As atas chegaram à OEA (...) representam a prova física da vitória de Edmundo González. O mundo sabe o que aconteceu a 28 de julho. Agora têm nas suas mãos a verdade", escreveu María Corina Machado na X (antigo Twitter).
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o CNE atribuiu a vitória a Nicolás Maduro com pouco mais de 51% dos votos.
A oposição venezuelana contesta os dados oficiais e alega que o antigo diplomata Edmundo González Urrutia -- atualmente exilado em Espanha -, obteve quase 70% dos votos.
Em 31 de julho, o CC já tinha dito que não foi capaz de verificar os resultados das eleições, culpando as autoridades por uma "falta completa de transparência" ao declarar Maduro o vencedor.
"As eleições presidenciais na Venezuela não se adequaram aos parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral e não podem ser consideradas como democráticas", indicou o centro.
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