
Cinco meses após as cheias que causaram a morte de 235 pessoas, 227 das quais na região de Valência, os manifestantes voltaram a sair à rua, como têm feito no dia 29 de cada mês, para exigir a demissão do presidente da Generalitat (governo regional).
"Mazón para a prisão!", "Nem esquecimento, nem perdão!", "Justiça para todas as vítimas!", foram algumas das palavras de ordem gritadas por quem empunhava fotografias das vítimas ou cartazes altos com a imagem do dirigente do Partido Popular (PP, direita) com as mãos manchadas de sangue.
"A maioria da sociedade não quer um presidente que esteve ausente" durante a tragédia, disse à agência France-Presse (AFP) um dos manifestantes, Diego Nevado, que acusou Carlos Mazón de ter agravado a situação, "causando ainda mais dor às famílias".
O protesto, o sexto desde as inundações, foi convocado por 200 associações e sindicatos do setor dos serviços de emergência, e juntou cerca de 25.000 pessoas, segundo as autoridades regionais.
Os valencianos acusam o executivo regional de não os ter avisado atempadamente sobre o perigo das chuvas torrenciais, apesar de um alerta emitido naquela manhã pela agência meteorológica nacional.
Também responsabilizam as autoridades pelo atraso no envio dos socorros.
Segundo a justiça espanhola, a maioria das vítimas já tinha morrido --- afogadas em casa ou arrastadas pelas águas --- quando a mensagem de alerta foi enviada para os telemóveis dos habitantes.
Figura do PP, principal partido da oposição ao governo do primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez, Carlos Mazón tem sido sistematicamente recebido com vaias nas suas deslocações nos últimos cinco meses.
O dirigente conservador, que ainda não esclareceu onde estava no dia da tragédia, rejeitou várias vezes os apelos à demissão, afirmando que pretende cumprir o seu mandato até 2027.
A juíza encarregada da investigação sobre a gestão das inundações decidiu a 10 de março constituir arguidos dois antigos altos responsáveis da região, deixando de fora Carlos Mazón, ao contrário do que exigia uma associação de vítimas.
MCA//APN
Lusa/Fim