
O Presidente da República descreveu a reunião com o secretário-geral do PS como simbólica, de cumprimentos de despedida, e afirmou não ver problema na moção de rejeição do Programa do Governo anunciada pelo PCP.
Marcelo Rebelo de Sousa assumiu estas posições em declarações à CNN Portugal, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, à margem de um concerto comemorativo do 40 anos da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, iniciativa que não constava da sua agenda pública.
Depois de ter falado brevemente aos jornalistas na segunda-feira ao fim da tarde, sinalizando que não queria falar das audiências aos partidos sobre a formação do próximo Governo, o chefe de Estado alongou-se mais nestas declarações à CNN Portugal, reiterando que as reuniões "correram bem".
Segundo o Presidente da República, houve "um ponto comum, que é procurar estabilidade".
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, o encontro com o PSD permitiu "perceber a sensibilidade do primeiro-ministro e do partido", enquanto a reunião com secretário-geral cessante do PS foi "simbólica".
"Foi muito curta, porque [Pedro Nuno Santos] foi apresentar cumprimentos, despedir-se. Acabámos por falar do passado recente, e eu já tinha marcado, mas confirmou-se uma outra reunião com o PS e também com o PSD na semana que vem, quando forem conhecidos os resultados provisórios com os emigrantes, o que será dia 28", acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que a reunião com o Chega também "foi relativamente curta porque também será recebido no dia 28".
Interrogado se a moção de rejeição do Programa do Governo anunciada já pelo PCP pode dificultar o processo em curso, o chefe de Estado respondeu: "Não, o PCP será recebido depois de amanhã [sexta-feira]. e eu penso que até clarificou".
"O PCP tem sempre mantido posições deste teor. Pode mantê-las porque tem um grupo parlamentar -- só os grupos parlamentares é que podem apresentar moções de rejeição. Portanto, não foi uma surpresa nem é um problema que afete quer as reuniões com o PCP quer com os outros partidos que faltam", acrescentou.
O Presidente da República espera que na próxima semana haja "os dados possíveis para o processo seguir o ritmo previsto, que é um ritmo que permita de facto, até 10 de Junho, sendo isso possível, haver Governo", estimando que, se for assim, o debate do Programa do Governo "se possa seguir aos feriados de junho".
Questionado sobre com quem irá entender-se um Governo da AD (PSD/CDS-PP) , Marcelo Rebelo de Sousa retorquiu: "É cedo para estar a pronunciar-me. Eu não vou contar as conversas particulares tidas lá, embora de natureza política, mas privada, de alguma maneira".
"Não vou contar isso, mas a ideia de que a garantia fundamental é a de que o Governo tenha condições para arrancar, e depois a própria lógica das coisas mostra e mostrará que todos são interessados em não ter crises que instabilizem a situação portuguesa", considerou.