As duas caixas negras do avião que se despenhou a 29 de dezembro pararam de gravar quatro minutos antes do acidente que matou 179 pessoas, informou este sábado o Ministério dos Transportes sul-coreano.
"A análise revelou que o gravador de voz da cabine e o gravador de dados de voo não estavam a gravar durante os quatro minutos que antecederam a colisão da aeronave" com o muro que se encontrava no final da pista do aeroporto de Muan, no sul do país, e fez com que o Boeing da Jeju Air explodisse em chamas, disse o ministério, em comunicado.
As autoridades planeiam "investigar a causa da perda de dados", refere o comunicado, enquanto investigações conjuntas entre especialistas sul-coreanos e norte-americanos, incluindo da fabricante aeronáutica Boeing, foram iniciadas após a tragédia.
Na terça-feira, as autoridades sul-coreanas lançaram um plano de revisão do perímetro dos aeroportos após o pior acidente aéreo da sua história.
O acidente levou as autoridades a rever as estruturas de cimento que foram concebidas para alojar os localizadores que servem para orientar os pilotos e facilitar o alinhamento com a pista.
O ministro dos Transportes, Park Sang-woo, indicou que estas paredes serão modificadas independentemente de cumprirem ou não a regulamentação em vigor.
"Vamos melhorá-las de uma forma que aumente a segurança", referiu o governante, sem dar mais detalhes, segundo a imprensa local.
O anúncio ocorre depois de o Governo sul-coreano ter apelado à melhoria da segurança aérea.
Desde que a polícia começou a avaliar o aeroporto de Muan para recolher dados e provas, vários especialistas questionaram o desenho da infraestrutura, especialmente no que diz respeito ao muro.
A companhia aérea sul-coreana Jeju Air anunciou na terça-feira que vai reduzir as operações.
Após o acidente, a companhia aérea de baixo custo já tinha anunciado planos para reduzir os serviços entre 10 e 15%, de forma a reforçar as operações de manutenção de aeronaves.
Embora o plano ainda não esteja finalizado, a Jeju Air disse que irá cancelar todos os 78 voos previstos de 22 a 30 de março entre Gimhae, o aeroporto que serve Busan, no sudeste da Coreia do Sul, e Clark, nas Filipinas.
A empresa cancelou também outros 110 entre Gimhae e Kaoshiung, em Taiwan, de 03 de fevereiro a 29 de março.
Também na terça-feira, os dois principais partidos sul-coreanos anunciaram a criação de uma comissão parlamentar conjunta para investigar o acidente, apesar das divisões políticas.
"O Partido do Poder Popular [PPP, no poder] e o Partido Democrático [na oposição] decidiram criar uma comissão especial" para investigar a tragédia e prestar assistência aos familiares, afirmou o PPP.
Num comunicado, o PPP revelou que a comissão irá incluir sete deputados de cada um dos dois movimentos e um último membro não pertencente a nenhum dos partidos.