
Algumas dezenas de pessoas manifestaram-se hoje junto ao aeroporto de Lisboa pedindo o fim desta estrutura na capital, uma iniciativa que decorreu no dia em que o Livre apresentou uma projeto de resolução no Parlamento sobre o tema.
"Deu entrada hoje na Assembleia da República, um projeto de resolução que recomenda ao Governo que proíba os voos noturnos, cancele a expansão do Aeroporto Humberto Delgado, que acelere a construção do novo aeroporto e que invista na ferrovia como alternativa ao voos ibéricos", afirmou à Lusa o deputado Jorge Pinto do Livre, presente na manifestação, organizada pela plataforma "Aeroporto fora, Lisboa melhora".
Uma iniciativa que contou também o apoio do Partido Comunista Português (PCP), que se fez representar por Jorge Ferreira, vereador da Câmara de Lisboa, e do Bloco de Esquerda (BE), cuja representante foi Carolina Serrão.
"O principal da [proposta do Livre] é que se retire do centro da cidade o aeroporto Humberto Delgado", resumiu o deputado do Livre.
Segundo o parlamentar "é insustentável" a situação de manter uma estrutura como aquela na capital portuguesa, porque "tem impactos na saúde" das pessoas bem como na qualidade do ar.
A Comissão Europeia "tem imensos" estudos sobre isso, lembrou, adiantando que outras capitais da Europa os aeroportos já estão fora das capitais.
A plataforma "Aeroporto fora, Lisboa melhora", convocou a concentração de cidadãos para hoje, em protesto contra a "inação das autoridades" face ao ruído e à poluição causados pelo aeroporto de Lisboa, e embora não tenha tido grande adesão, os manifestantes dirigiram várias críticas ao Governo e à Câmara de Lisboa por nada fazerem na defesa dos interesses das pessoas.
A ação de protesto decorreu ao final do dia de hoje à saída da estação de metro do Aeroporto Humberto Delgado e os manifestantes reivindicaram o fim dos voos noturnos, o encerramento do aeroporto, a construção urgente do novo aeroporto de Lisboa fora da capital e "um novo pulmão verde na cidade".
Em declarações à agência Lusa, na quarta-feira, Sérgio Morais, da plataforma, adiantou que a iniciativa visava mostrar o descontentamento das pessoas que residem, trabalham ou estudam em zonas afetadas pelo ruído e poluição gerados pelos aviões.
"Estamos muito preocupados com o arrastar da situação. As autoridades competentes continuam a ignorar-nos. Estamos no verão. Os voos têm aumentado e nós estamos cada vez mais incomodados. Não vemos o caminho que resolve isto avançar. Não se ouve nada sobre a construção do novo aeroporto", disse.
Sérgio Morais referiu que o ruído provocado pelos aviões significa para os cidadãos que residem nos bairros do Areeiro, Alvalade, Campolide, Campo de Ourique, Camarate, Lumiar e São João da Talha "dormir mal, aulas interrompidas, consultas médicas interrompidas, cheiro a combustível e hipertensão também relacionada com o ruído".
Para o responsável, o problema agravou-se "bastante nos últimos anos", apesar do anúncio no ano passado, pelo Governo, de que iriam ser proibidos voos do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, entre as 01:00 e as 05:00, após conclusões do grupo de trabalho sobre os voos noturnos.
"Temos reparado é que têm vindo a aumentar o número de voos, até porque estamos na época de verão. Por isso, decidimos fazer esta concentração para alertar a população para os problemas", afirmou.
Sérgio Morais adiantou ainda que a plataforma vai pedir uma reunião ao Governo para falar sobre os problemas que afetam aquelas zonas.
Em novembro de 2024, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz (que se mantém no cargo na atual legislatura), anunciou que iriam ser proibidos em Lisboa os voos entre as 01:00 e as 05:00, como recomendado por um grupo de trabalho que analisou o tema e entregou o relatório final em julho de 2022.
Em março deste ano, ainda antes das legislativas, o Conselho de Ministros determinou à Autoridade Nacional da Aviação Civil, reguladora do setor da aviação, a operacionalização das restrições à operação noturna.
Em causa, indicou então o executivo PSD/CDS, estavam restrições à operação de aeronaves mais ruidosas entre as 23:00 e as 07:00, além da imposição de um período sem `slots´ ('hard-curfew') entre a 01:00 e as 05:00, bem como a implementação de novos procedimentos aeronáuticos para redução do ruído.