Donald Trump intensificou os ataques pessoais contra Kamala Harris, dizendo mesmo que a sua rival democrata era “deficiente mental”. O antigo Presidente norte-americano também afirmou, no discurso do comício em Erie, na Pensilvânia, que Harris deveria ser “acusada e processada”.
Já no dia anterior, Trump tinha adotado uma retórica semelhante, um discurso que descreveu e anunciou como sendo “sombrio", de acordo com o jornal “The New York Times”.
Um dia depois de a vice-presidente democrata ter visitado a fronteira sul e ter prometido apertar as normas para o acolhimento e asilo e reforçar a segurança, bem como aplicar penas mais duras a quem se atravessasse ilegalmente para o país, o antigo Presidente Donald Trump desencadeou uma série de ataques pessoais contra Harris num comício no sábado, chamando-lhe “deficiente mental”.
Trump, que muitas vezes questionou as capacidades mentais do Presidente Joe Biden, disse aos seus apoiantes no comício de Prairie du Chien, em Wisconsin, que “Joe Biden ficou com deficiência mental", mas "Kamala nasceu assim”. Usou as políticas de fronteira - a cargo de Kamala Harris - para descredibilizar a adversária na corrida presidencial. “E, se pensarmos bem, só uma pessoa com deficiência mental poderia ter permitido que isto acontecesse no nosso país”, comentou.
Já no domingo, Donald Trump, persistindo no tema, alegou que Harris era responsável por uma “invasão” na fronteira entre os Estados Unidos e o México, e disse a quem o escutava que “ela deveria sofrer um impeachment e ser processada pelas suas ações”.
“O Joe Biden ficou torto, com uma deficiência mental”, acrescentou. “Triste. Mas a mentirosa Kamala Harris, sinceramente, acredito que nasceu assim. Há algo de errado com Kamala. E simplesmente não sei o que é, mas há definitivamente algo que falta. E toda a gente sabe isso.”
Antes de Harris, também Joe Biden e a sua rival de 2016, Hillary Clinton, tinham sido acusados por Trump de eventual conduta merecedora de processos judiciais. Mas é Trump quem tem muitos problemas jurídicos. Foi condenado em maio por falsificar registos comerciais, estando a leitura de sentença marcada para 26 de novembro. Dois outros casos estão pendentes – um caso federal pelo seu alegado papel na insurreição de 6 de janeiro de 2021, e um caso na Geórgia pelos seus esforços para reverter a sua derrota, em 2020, contra Biden. Alguns procuradores estão ainda a recorrer contra a rejeição de um juiz federal de um caso que envolve o tratamento de documentos confidenciais. Mas Donald Trump argumenta que os procuradores o têm perseguido por motivos políticos.
Vários republicanos têm aconselhado Trump a parar de insultar Kamala Harris e a concentrar-se nas preocupações populares e nos problemas do país. Entre os insultos proferidos contra a candidata, estão expressões como “estúpida”, “fraca”, “burra como uma rocha” e “preguiçosa”.
“Acho que o melhor caminho é apresentar o caso de que as suas políticas estão a destruir o país”, disse o senador Lindsey Graham ao programa “Estado da União”, da “CNN”, no domingo, quando questionado sobre os comentários de Trump.
Quando questionado sobre se aprovava os ataques pessoais de Trump a Harris, o republicano Tom Emmer evitou a questão. Durante uma entrevista no programa “This Week”, da “ABC”, preferiu dizer: “Acho que Kamala Harris é a escolha errada para a América. Acho que Kamala Harris é tão má ou pior que a governação a que assistimos nos últimos quatro anos.”
Já pressionado, no entanto, Emmer reconheceu: “Acho que devemos cingir-nos às questões."
Harris não comentou os recentes ataques de Trump, mas referiu, quando questionada sobre o restante conteúdo do discurso, que era “o mesmo manual de sempre". Recorreu a uma expressão que tem caracterizado, aliás, a sua forma de lidar com Trump: "O mesmo manual cansado que ouvimos há anos, sem qualquer plano sobre como iria satisfazer as necessidades do povo americano.”
No domingo, Trump chegou a reconhecer que poderá perder em novembro: “Se ela ganhar, não será tão agradável para mim, mas não me importo.”