A presidente da Câmara Municipal de Almada, no distrito de Setúbal, disse esta segunda-feira que já começaram as demolições no Ginjal pelo Grupo AFA, proprietário dos edifícios identificados como estando em risco.

Inês de Medeiros, que falava na reunião da Câmara Municipal de Almada, adiantou que depois das demolições, o Grupo AFA avançará com obras para permitir que seja possível circular na zona com segurança.

"O Grupo AFA iniciou hoje [segunda-feira] as demolições no Ginjal, já foram feitas as recolhas de todas as imagens. O Grupo AFA ficou obrigado, uma vez a demolição feita, a arranjar aquele espaço e permitir que haja passagem não apenas para os que querem usufruir do Ginjal, mas para quem quer aceder ao comércio", disse a autarca, adiantando que há uma parte mais complicada na obra devido à existência de amianto.

Segundo o Grupo AFA, as demolições decorrem de uma avaliação técnica determinada por vistorias realizadas pelo Serviço Municipal de Proteção Civil.

Quanto às pessoas que moravam nos edifícios, Inês de Medeiros referiu que continuam a ser acompanhadas pelas equipas de ação social, juntamente com a Santa Casa da Misericórdia de Almada.

A situação de alerta decretada pela Câmara Municipal de Almada para o Cais do Ginjal, em Cacilhas, terminou na quinta-feira, mas a circulação de pessoas na zona mantém-se interdita.

Situação de alerta desde abril

A 3 de abril, a autarquia de Almada decretou "situação de alerta", nos termos da Lei de Bases da Proteção Civil, tendo em vista a interdição de circulação de pessoas no Cais do Ginjal, desde as proximidades do terminal fluvial de Cacilhas até aos estabelecimentos de restauração existentes no Olho-de-boi.

A "situação de alerta" vigorou até quinta-feira e não foi renovada.

A Câmara Municipal de Almada notificou os proprietários do edificado e a Administração do Porto de Lisboa (APL) para a realização de obras e apresentou uma proposta concreta ao Governo para encontrar uma solução que possibilite a reabilitação do espaço.

Pessoas foram realojadas

As pessoas que viviam na zona, em edificados devolutos, tiveram de sair do local e ficaram alojadas numa Zona de Concentração e Apoio à População (ZCAP) criada na Escola Secundária Anselmo de Andrade, que foi depois desativada em 15 de abril. Atualmente, estão em outros alojamentos temporários.

Numa resposta enviada à agência Lusa, o Grupo AFA explicou que as demolições não têm qualquer relação com o início das obras de requalificação previstas para o Ginjal, salientando que o projeto que tem para a área é público e cumpre todos os requisitos legais e regulamentares, incluindo as aprovações camarárias.

"Neste momento, a intervenção prende-se exclusivamente com questões de segurança", sustentou.

Em novembro de 2020, a Câmara de Almada aprovou, por unanimidade, o Plano de Pormenor do Cais do Ginjal, para a intervenção e reabilitação profunda daquela área, num projeto conjunto com o Grupo AFA.

Para a zona, o Grupo AFA estima um investimento de 300 milhões de euros para uma área com cerca de 90 mil metros quadrados, prevendo a construção de um complexo de habitação com cerca de 300 fogos, várias frações de comércio e serviços, um hotel com 160 quartos, equipamentos sociais e ainda 500 lugares de estacionamento.


Com LUSA