De visita à Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), em Lisboa, o secretário-geral do Partido Socialista insistiu que foi o primeiro-ministro que provocou a crise política e que arrastou todos para esta situação devido ao “manto de suspeição” que, disse, Luís Montenegro tem sobre os ombros.

“(…) Todos sabem porque é que vamos para eleições. Foi ele [Luís Montenegro] pessoalmente que nos trouxe para esta situação e que arrastou o seu partido e Governo para esta situação”, vincou Pedro Nuno Santos, considerando, ainda assim, que as eleições são uma "oportunidade para desbloquear esta situação insustentável".

Agora “temos de olhar para a frente”, sublinhou, garantindo que nada teme, mas deseja sorte aos partidos da Aliança Democrática (AD).

"Ao PSD e CDS desejo-lhes boa sorte porque no que diz respeito ao meu passado tive a felicidade de ser escrutinado antes da campanha, tivesse sido ele [Montenegro] escrutinado como eu fui, talvez não estivessemos aqui”, disse.

É, aliás, por isso, prosseguiu, que "nenhum dos casos que o PSD transforma em memes" se ter transformado num problema político para si: “Porque eu esclareci e respondi de forma cabal a todas as questões que me foram colocadas. É por isso que não é um problema para mim, é por isso que esse confronto é até bem-vindo”.

Para o líder do PS, é preciso "um projeto com desígnio e propósito para o país", mas também "uma liderança que não tenha um manto de suspeição que a atual liderança do país tem".

Sobre as razões da crise política que conduziu a novas legislativas antecipadas em 18 de março, Pedro Nuno Santos insistiu que esta resulta "de um caso que envolve diretamente o primeiro-ministro", considerando que "esse assunto está resolvido na cabeça da maioria esmagadora dos portugueses".

O esforço do primeiro-ministro de se responsabilizar desta crise "será sempre inglório", na perspetiva do socialista, considerando que Montenegro "decidiu com a moção de confiança atirar o país para debaixo do comboio que pôs em andamento".

Segundo Pedro Nuno Santos, as eleições não são um estorvo, mas uma oportunidade para desbloquear "uma situação que era insustentável".

"Aquilo que Luís Montenegro tem apresentado de bom já estava bom há um ano, com a diferença que houve até uma desaceleração", insistiu.

O líder do PS criticou a atuação do Governo sobre a "situação de caos no Estado" que deixou, "nomeadamente no que diz respeito à saúde".

"Um Governo que, incapaz de resolver os problemas do SNS, está na reta final da sua governação a lançar as bases para a privatização do SNS, para a construção, para a criação de um sistema privado, paralelo ao SNS", condenou.

Questionado sobre a notícia do Observador segundo a qual a Procuradoria-Geral da República vai pedir documentos à empresa familiar de Luís Montenegro e aos seus clientes, Pedro Nuno Santos disse esperar que "as respostas aconteçam e que não aconteça o mesmo que pelos vistos aconteceu com a casa".

"Eu que usava aquele exemplo como um bom exemplo da forma como o primeiro-ministro tinha lidado com o tema, agora viemos todos a saber que, afinal de contas, todo aquele maço de documentos que estava em cima da mesa não foi disponibilizado a ninguém", criticou.

O Expresso noticiou esta sexta-feira que Luís Montenegro prometeu, mas não entregou faturas da casa de Espinho à Polícia Judiciária.

Também numa visita à BTL, mas de manhã, o primeiro-ministro demissionário afirmou hoje que entregou "toda a documentação" que lhe foi pedida sobre a sua casa de Espinho e criticou quem procura fazer "deturpações" e reeditar "notícias antigas e requentadas".