A fabricante automóvel Ford anunciou, esta quarta-feira, que vai reduzir o número de trabalhadores na Europa em 4.000 até 2027, justificando a medida com a branda evolução económica, com o aumento da concorrência e vendas abaixo do esperado.

O anúncio foi feito hoje pela empresa e deverá afetar principalmente a operação no Reino Unido e na Alemanha, devendo a redução do pessoal ser feita em consulta com os representantes dos funcionários.

A empresa acrescentou que vai reduzir o tempo de trabalho dos funcionários da fábrica alemã de Colónia, onde fabrica as versões elétricas dos modelos Capri e Explorer.

Segundo a Bloomberg, os cortes deverão afetar 2.900 postos de trabalho na Alemanha, 800 no Reino Unido e 300 no resto do Continente.

Num comunicado divulgado no seu portal, a Ford registou que a indústria automóvel está a enfrentar, em todo o mundo, um período de perturbação significativa, à medida que se desloca para a mobilidade eletrificada.

De acordo com o vice-presidente da Ford para a Europa, Dave Johnston, "é essencial tomar ações difíceis mas incisivas para assegurar a competitividade futura da Ford" no continente.

A empresa assinala que além de enfrentarem constrangimentos competitivos e económicos, as fabricantes automóveis também se deparam com o que consideram ser "um desalinhamento entre as normas para emissões de dióxido de carbono e a procura de veículos eletrificados pelos consumidores".

A Ford recorda que o responsável financeiro da Ford, John Lawler, enviou uma carta ao Governo alemão em que, além de reiterar o seu compromisso com a Europa e com as metas de emissões para 2035, apelou para um compromisso conjunto de todas as partes para melhorar as condições do mercado e assegurar o sucesso futuro da indústria.

"O que falta à Europa e à Alemanha é uma política clara e sem dúvidas para avançar a mobilidade elétrica, como investimento público nas infraestruturas de carregamento, incentivos significativos para apoiar os consumidores a fazerem a mudança para veículos eletrificados, melhorar a competitividade dos fabricantes e uma maior flexibilidade para atingir as metas de dióxido de carbono", afirmou Lawler, na ocasião.

Apesar da aposta da Ford na Europa -- a conversão da fábrica em Colónia numa infraestrutura para fabrico de carros elétricos teve um custo de 2.000 milhões de dólares (1.897 milhões de euros, ao câmbio atual --, a empresa tem tido uma diminuição da sua quota de mercado.

De acordo com dados da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA, na sigla em inglês), a quota de mercado da Ford atingiu 3,3% nos primeiros nove meses do ano, contra 4,1% no mesmo período de 2023.

O setor automóvel europeu tem estado sob pressão por vários fatores. As fabricantes têm de vender veículos elétricos suficientes para cumprir metas de emissões médias de dióxido de carbono na sua frota em 2025 e, para além disto, as vendas de veículos elétricos têm ficado aquém do esperado, com os consumidores, preocupados com a inflação, a conterem as suas despesas.

A nível mundial foram várias as empresas que anunciaram já redução do seu número de trabalhadores: a Nissan estima cortar 9.000 postos de trabalho e a Stellantis já anunciou várias reduções de centenas de empregos. Por sua vez, o Grupo Volkswagen anunciou que vai encerrar três fábricas e suprimir milhares de postos de trabalho -- dentro do grupo, a Audi vai perder perto de 4.500 funcionários.