Fernando Valente, suspeito de ter matado a mulher grávida da Murtosa, que está desaparecida desde 2023, foi absolvido, esta terça-feira. À saída do tribunal a família não esconde a desilusão com a Justiça portuguesa, mas deixam uma promessa: "ele vai pagar por aquilo que fez" a Mónica Silva.

“Assassino!” -é a primeira palavra que a mãe de Mónica grita assim que sai da sala de audiências.

“Isto é uma vergonha. Nunca pensei... eu estava convencida de que ele ia ser condenado. A Justiça está a favor dos assassinos", lamenta, exaltada, a mãe de Mónica.

A família da grávida da Murtosa esperava que o tribunal condenasse Fernando Valente a 25 anos de prisão. No entanto, o empresário vai regressar à liberdade, após estar detido desde novembro de 2023, mais de um mês depois do desaparecimento da mulher de 33 anos.

“A justiça tem de ser feita”, insistem, por várias vezes, os familiares.

Sara Silva, irmã gémea da grávida, também não escondeu a revolta e deixou a ameaça no ar:

“Com calma, a situação também se vai resolver, porque ele vai pagar por aquilo que fez à minha irmã. Vai pagar. A minha irmã não está aqui, mas ele também não vai estar”, repete, por várias vezes, aos jornalistas.

Tribunal deu apenas como provado que o arguido se envolveu sexualmente com Mónica uma vez

O tribunal deu apenas como provado que o arguido se envolveu sexualmente com a vítima pelo menos uma vez e que Fernando Valente adquiriu um cartão pré-pago que colocou num telemóvel antigo, para evitar a sua localização, tendo usado o mesmo para marcar um encontro com a vítima no dia 3 de outubro de 2023.

Resultou ainda provado que naquele dia o telemóvel de Mónica ativou uma antena que abrange o apartamento do arguido na Torreira, onde a acusação diz que terá ocorrido o crime, dando ainda como provado que, nos dias seguintes, o arguido e o pai procederam a uma limpeza profunda do apartamento.

Fernando Valente era suspeito de crimes de homicídio qualificado, aborto, profanação de cadáver, acesso ilegítimo e aquisição de moeda falsa para ser posta em circulação.

O julgamento realizado com tribunal de júri (composto por três juízes de carreira e oito jurados) decorreu à porta fechada, por decisão da juíza titular do processo, para proteger a dignidade pessoal da vítima face aos demais intervenientes envolvidos, nomeadamente os seus filhos.

Durante o julgamento, o arguido negou as acusações, voltando a reafirmar a sua inocência na última sessão, após as alegações finais.