A IGAS concluiu que um homem que morreu em outubro, em Bragança, com um enfarte, poderia ter sobrevivido se o socorro fosse imediato.

O INEM demorou mais de uma hora a atender a chamada, mas o inquérito da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde não culpa os trabalhadores.

Nas conclusões, a que a Lusa teve acesso, a IGAS diz que o utente de 86 anos que morreu durante a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar tinha uma probabilidade de sobrevivência, embora reduzida.

Esta probabilidade "estaria sempre condicionada à realização de manobras de suporte básico de vida, quando iniciadas no imediato".

O utente em causa tinha diversas comorbilidades e antecedentes de patologia cardiovascular significativa.

Apesar da falta de resposta atempada por parte do INEM, a IGAS diz que "não é possível formular-se juízos de culpabilidade na conduta dos trabalhadores dos CODU [Centro Operacional de Doentes Urgentes], atendendo ao volume de chamadas em espera, reencaminhadas pela Linha 112".

Mulher só conseguiu falar com o INEM ao fim de mais de uma hora

A mulher deste homem esteve mais de uma hora a tentar ligar para o 112 e, quando foi atendida, explicou que o marido estava naquela situação há mais de uma hora e que, durante todo aquele tempo, ninguém atendeu.

Na altura, o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar afirmou que, se tivesse sido atendida a chamada e ativada uma viatura médica do hospital de Bragança que se encontrava àquela hora a cerca de dois minutos, "o desfecho da situação poderia ter sido outro". Neste caso, o óbito foi declarado no local.

Este é o segundo caso em que a IGAS identificou uma relação de causalidade entre a morte de um doente e o atraso no socorro durante a greve do INEM. O primeiro foi o de um homem de 53 anos, de Pombal, que não resistiu a um enfarte agudo do miocárdio.

Também nesse caso, os inspetores da IGAS consideram que a morte “poderia ter sido evitada caso tivesse havido um socorro, num tempo mínimo e razoável”.

Ao todo, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde abriu investigações a 12 mortes.