O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou hoje às empresas tecnológicas para que construam sistemas de Inteligência Artificial (IA) em benefício de toda a Humanidade, utilizando a proteção da ONU.

"É do interesse de todos nós que os governos e os líderes tecnológicos se comprometam com limites, partilhem as melhores práticas e moldem políticas e modelos de negócios justos", disse Guterres, falando na cimeira sobre Inteligência Artificial organizada em Paris pelo presidente francês Emmanuel Macron.

Guterres sublinhou que, atualmente, não existe preparação para o futuro, uma vez que a IA deixou de ser ficção científica para se tornar numa força que "transforma o presente".

De acordo com o secretário-geral da ONU, a situação engloba avanços de todos os tipos, mas também desafios em termos de valores e direitos alertando que o poder da Inteligência Artificial está centralizado "num pequeno número" de pessoas.

"Esta concentração crescente das capacidades da IA corre o risco de aprofundar as divisões geopolíticas", avisou o secretário-geral da ONU.

Neste contexto, António Guterres criticou as divisões e defendeu que a IA venha a ser uma "ponte para colmatar o fosso entre as nações".

Deste modo, Guterres sublinhou que as Nações Unidas proporcionam uma plataforma inclusiva, transparente e eficaz para a solidariedade em matéria de Inteligência Artificial.

"Estamos a trabalhar para reforçar essa plataforma", disse Guterres recordando a adoção do Pacto Digital Global alcançado em 2024 sobre as necessidades de boas práticas face à Inteligência Artificial.

O pacto, disse Guterres, pretende a partilha e uma visão em que a tecnologia está ao serviço da humanidade.

Outra medida defendida pela ONU é a criação de um Painel Científico Internacional Independente sobre Inteligência Artificial no sentido de promover a compreensão dos riscos, benefícios e possibilidades da IA.

"Peço a todos que apoiem a sua criação (do Painel Científico) sem demora", sublinhou o secretário-geral da ONU.

Os Estados-Membros também já concordaram em estabelecer um diálogo global sobre boas práticas da IA no quadro das Nações Unidas.

"Através do diálogo global, podemos alinhar os esforços de responsabilidade e boas práticas em todo o mundo; defender os direitos humanos nas aplicações de Inteligência Artificial e evitar a utilização indevida", afirmou.

Por outro lado, Guterres propôs a criação de pactos sobre tecnologia para que, disse, todos os povos e países não sejam apenas utilizadores mas participantes da mudança.

Neste sentido a ONU pretende criar e promover o que chamou Rede de Capacitação em Inteligência Artificial.

"É uma necessidade económica e um imperativo moral", afirmou.