Um homem foi atirado de uma ponte por polícias em São Paulo, no Brasil. A ação foi filmada por populares e denunciada pelos 'media' locais esta terça-feira, provocando indignação contra o aumento da violência das forças de segurança no estado mais populoso do Brasil.

Na noite de segunda-feira, os 'media' locais divulgaram imagens de três agentes da Polícia Militar de São Paulo, numa operação numa ponte, em que um dos agentes levanta uma moto do chão e a encosta num muro e um quarto polícia aparece a segurar um homem pelas costas, que arremessa do alto da ponte.

Nas redes sociais, políticos, artistas e utilizadores reagiram, tendo a organização não-governamental Human Rights Watch, que trabalha globalmente em defesa dos direitos humanos, classificado como "muito chocantes as imagens".

O caso ocorre durante um aumento da violência policial em São Paulo.

A organização também instou o Ministério Público local a investigar minuciosamente e que os envolvidos sejam responsabilizados.

Este caso, filmado por pessoas que estavam no local, junta-se a outros abusos das forças de segurança de São Paulo registados nas últimas semanas.

No dia 20 de novembro, um estudante de medicina de 22 anos foi abordado, também na cidade de São Paulo, por agentes de segurança que faziam ronda, depois de colidir com o retrovisor de um carro da polícia. O jovem fugiu e conseguiu refugiar-se num hotel, acabando morto a tiros por um polícia que tentou abordá-lo, embora estivesse desarmado e já caído no chão.

Outro polícia militar de São Paulo disparou 11 tiros nas costas de um jovem negro que tentou roubar produtos de limpeza num supermercado. A ocorrência, praticada por um polícia que estava de folga, sem farda, foi denunciada pelos 'media' locais na segunda-feira, mas a execução ocorreu no dia 3 de novembro.

Também no início de novembro, um menino de quatro anos que brincava na rua num bairro pobre da cidade de Santos morreu depois de receber uma bala no abdómen durante uma operação policial.

A Secretaria de Segurança de São Paulo disse à época que os agentes de segurança estavam a defender-se de um tiroteio alegadamente iniciado por criminosos envolvidos no tráfico de drogas no local, embora a família da criança tenha dito aos 'media' locais que não qualquer tiroteio.

Perante a repercussão negativa dos casos de abuso policial e violência registados nos últimos dias, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas - afiliado político do ex-Presidente Jair Bolsonaro, que já defendeu publicamente que a polícia deve atuar com dureza contra o crime e minimizou, em outras ocasiões, queixas de abuso policial -, usou as redes sociais para dizer que os casos de violência provocados por agentes de segurança do estado serão investigados e punidos.

"Um policial está na rua para combater o crime e fazer as pessoas se sentirem mais seguras, quem atira pelas costas, quem chega ao absurdo de jogar uma pessoa de uma ponte evidentemente não está à altura do uso do uniforme", escreveu Tarcísio.

Pelo menos 768 pessoas foram mortas entre janeiro e novembro durante operações policiais em São Paulo, 60% mais do que os registos divulgados no mesmo período do ano passado e o maior número de vítimas desde 2020.