Segundo o Ministério do Interior, saíram à rua cerca de 157.000 manifestantes em França, incluindo 32.000 em Paris, onde foram destacados mais de 2.000 agentes policiais para evitar os distúrbios temidos pelas autoridades, nomeadamente associados a grupos extremistas.

A mesma fonte indicou ainda que durante o dia 72 pessoas foram detidas e 28 pessoas foram colocadas sob custódia policial por todo o país.

O ministro do Interior, o conservador Bruno Retailleau, anunciou no canal francês BFMTV que "cerca de 200 'black blocs' [nome utilizado para designar elementos extremistas]" estiveram presentes na manifestação em Paris e que "cerca de 50 pessoas foram detidas" durante a marcha na capital francesa.

Em Paris, as forças de ordem revistaram todas as pessoas, incluindo nas saídas do metro e, mesmo antes do início da manifestação foram detidas oito pessoas por posse de armas proibidas, por participação num grupo com o objetivo de cometer violência ou por danos e posse de estupefacientes, segundo indicou a polícia na rede social X.

Num comunicado, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) estimou que "cerca de 300 mil pessoas" participaram nos 270 desfiles em todo o país, e a secretária-geral da organização, Sophie Binet, falou de "um grande sucesso".

De acordo com a CGT, foram mais de 100.000 manifestantes em Paris; 15.000 em Marselha; 10.000 em Toulouse e Lyon; 5.000 em Brest; 4.000 em Montpellier e Caen.

"As reivindicações sociais devem ser ouvidas", porque desde a chegada do Presidente norte-americano, Donald Trump, à Casa Branca "há três meses que ouvimos falar de guerra, dívida, imigração, insegurança, mas nada sobre os problemas sociais dos trabalhadores e trabalhadoras", afirmou Sophie Binet em declarações ao canal francês LCI.

Para a líder do segundo maior sindicato de França, a prioridade é "a revogação da reforma das pensões", que aumenta a idade mínima de reforma de 62 para 64 anos, o aumento dos salários e "o fim dos despedimentos".

A principal manifestação em Paris decorreu entre a Place d'Italie e a Place de la Nation, com início marcado para as 14:00 locais (13:00 de Lisboa), e durante o percurso registaram-se alguns confrontos, essencialmente atribuídos a grupos de extrema-esquerda.

O incidente mais grave foi contra uma bancada do Partido Socialista, que, segundo o ministro do Interior, foi atingida por projéteis lançados por "manifestantes particularmente hostis e violentos que atacaram militantes do Partido Socialista (PS)".

Bruno Retailleau afirmou ainda que as forças de segurança intervieram para garantir a segurança e efetuar detenções, mas que quatro pessoas ficaram ligeiramente feridas no ataque.

O deputado socialista Jérôme Guedj teve de ser retirado da manifestação quando vários membros do grupo radical 'Black Blocs' o insultaram.

Alguns dirigentes partidários salientaram que estes ataques contra Guedj, muito frequentes por parte da extrema-esquerda, têm a ver com o facto de ele ser judeu e não hesitaram em qualificá-los de antissemitas.

Também ocorreram distúrbios em Nantes, onde a câmara municipal comunicou cerca de 15 detenções, depois de ter assinalado na rede social X que a sua sede tinha sido vandalizada por alguns manifestantes e que as forças policiais tinham sido atacadas com projéteis e morteiros pirotécnicos.

"A polícia respondeu com canhões de água e gás lacrimogéneo", acrescentaram as autoridades locais.

MYCO // SCA  

Lusa/Fim