A visita de Abbas Araghchi é a primeira de um dignitário estrangeiro desde que as tensões aumentaram na sequência do massacre de 26 turistas, em 22 de abril, que a Índia atribui ao Paquistão, segundo a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).

Teerão ofereceu-se para ajudar a aliviar as tensões entre os vizinhos com armas nucleares.

"Tanto a Índia como o Paquistão são países amigos da República Islâmica do Irão", disse Araghchi aos jornalistas após um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros paquistanês, Ishaq Dar.

"O Paquistão é o nosso país vizinho e irmão, e estávamos interessados em ser informados das posições dos nossos amigos no Paquistão antes de viajar para a Índia", acrescentou, citado pela agência de notícias iraniana Irna.

O exército paquistanês tem estado em alerta máximo depois de o ministro do Governo, Attaullah Tarar, ter citado informações credíveis de que a Índia poderia atacar.

O Paquistão negou qualquer papel no massacre de turistas maioritariamente indianos e ofereceu-se para cooperar com uma investigação internacional credível.

Até à data, a Índia não aceitou a oferta e vários líderes mundiais apelaram às duas para usar de contenção e evitar o agravamento da situação.

O chefe da diplomacia paquistanesa congratulou-se com a mediação iraniana para desanuviar as tensões com a Índia.

Ishaq Dar disse que desde a semana passada, contactou com mais de uma dezena de ministros estrangeiros, incluindo os homólogos norte-americano, Marco Rubio, e russo, Serguei Lavrov.

"Não seremos os primeiros a dar qualquer passo de escalada", disse Dar em Islamabade.

Referiu, no entanto, que avisou a comunidade internacional de que, em caso de "qualquer ato de agressão por parte da Índia, o Paquistão defenderá resolutamente a sua soberania e integridade territorial".

Dar acusou a força aérea indiana de tentar violar o espaço aéreo paquistanês em 28 de abril.

O Paquistão enviou aviões e forçou os jatos indianos a voltar para trás, disse, segundo a AP.

A Índia não fez qualquer comentário imediato sobre estas alegações.

O Presidente russo, Vladimir Putin, falou hoje com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e "condenou veementemente o ataque terrorista em Pahalgam", anunciaram os governos russo e indiano.

A Caxemira está dividida entre a Índia e o Paquistão e é reivindicada por ambos na totalidade.

Os dois países travaram duas das suas três guerras na região dos Himalaias e as relações têm sido marcadas por conflitos, diplomacia agressiva e suspeitas mútuas, sobretudo devido às reivindicações concorrentes sobre Caxemira.

O último conflito levou os dois países a expulsar diplomatas e cidadãos um do outro, bem como a fechar o espaço aéreo.

Ishaq Dar também denunciou a suspensão pela Índia do tratado de partilha de água.

Na cidade de Akhnoor, na Caxemira controlada pela Índia, onde o rio Chenab corre para o Paquistão, os residentes disseram hoje que os níveis de água estavam tão baixos que as pessoas podiam atravessar o rio a pé.

"Nunca vi este rio secar na minha vida", disse o agricultor Bal Krishan, 55 anos, acrescentando que concordava com "a decisão de Modi de suspender o tratado e punir" o Paquistão.

Narendra Modi autorizou na semana passada uma resposta militar contra o Paquistão.

Desde então, o Paquistão tem afirmado ter "informações credíveis" sobre um ataque indiano iminente e efetuou dois testes com mísseis de médio alcance no sábado e hoje.

A marinha indiana também reforçou a presença no Mar Arábico, dentro da respetiva Zona Económica Exclusiva, através da realização de vários exercícios de tiro ao largo da costa de Gujarat, nas proximidades do Paquistão.

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