
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, publicou uma mensagem de vídeo no Telegram onde diz que o exército vai assumir “o controlo de toda Faixa de Gaza”, escreve o “Guardian”.
“A luta é intensa e estamos a fazer progressos. Não vamos desistir. Mas, para sermos bem sucedidos, temos de agir de uma forma que não possa ser travada”, disse ainda o chefe do Governo na mesma mensagem. As imagens de pessoas desnutridas que chegam todos os dias de Gaza também foram um tema, e o que Netanyahu disse é que não se pode deixar a população chegar a esse ponto, porque se trata de um problema para os objetivos militares de Israel.
As organizações internacionais têm reforçado os apelos à comunidade internacional nos últimos dias, de forma a que esta possa pressionar Israel a deixar entrar alguma ajuda no território, completamente dependente da entrada de bens para a sobrevivência. O bloqueio da faixa é total, uma vez que é Israel que controla as fronteiras.
Um relatório da ONU estimou recentemente que uma em cada cinco pessoas no território estava a enfrentar fome. “. Sem uma ação imediata, quase um quarto da população pode ser empurrada para a fome. A ajuda alimentar deve entrar em Gaza agora para evitar uma catástrofe”, escreveu a organização no X esta manhã.
Netanyahu já tinha anunciado há uma semana que o exército ia entrar em Gaza "com toda a força para completar a operação e derrotar" o grupo palestiniano extremista Hamas.
Netanyahu também explicou no vídeo que decidiu permitir a entrada de uma ajuda mínima em Gaza por recear que as imagens de fome dos palestinianos fizessem com que os aliados de Israel retirassem o apoio militar e diplomático ao país.
"Os nossos melhores amigos no mundo, senadores que apoiam apaixonadamente Israel (...) dizem-me o seguinte: 'Estamos a dar-vos toda a ajuda de que necessitam para a vitória, armas, apoio, proteção no Conselho de Segurança'", explicou.
"'Mas há uma coisa que não podemos suportar, não podemos aceitar imagens de uma fome, uma fome em massa'", explicou Netanyahu, aparentemente em referência aos Estados Unidos, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
Israel impôs um bloqueio à ajuda humanitária a Gaza em 02 de março e tem sido pressionado, incluindo pelos Estados Unidos, para o levantar.
"Não devemos permitir que a população se afunde na fome, nem por razões práticas nem diplomáticas", afirmou.
Netanyahu disse que tomou a "difícil decisão" de permitir a entrada de um mínimo de provisões até que Israel possa aplicar um plano que irá limitar a distribuição de ajuda a pontos no sul do enclave protegidos pelo exército.
"Vai levar tempo, vamos estabelecer os primeiros pontos dentro de alguns dias e depois acrescentaremos mais", disse Netanyahu.
O plano israelita, apoiado pelos Estados Unidos, foi rejeitado categoricamente pela Organização das Nações Unidas (ONU), que até agora tem sido responsável pela entrega de ajuda a Gaza.
Netanyahu disse que a decisão permitirá a Israel alcançar a "vitória total" em Gaza e cumprir o principal objetivo, que é a destruição completa do Hamas, o grupo que governa o enclave desde 2007.