Dos 200 prisioneiros palestinianos libertados este sábado por Israel no âmbito do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, 70 chegaram ao Egito a bordo de autocarros, anunciou um meio de comunicação próximo dos serviços de informação egípcios.

De acordo com com a Al-Qahera News, os prisioneiros libertados por Telavive chegaram ao lado egípcio da fronteira de Rafah com a Faixa de Gaza, acrescentando que seriam transferidos para hospitais egípcios para tratamento.

Foram “expulsos” por Israel, acrescentou Al-Qahera News.

A libertação de 200 presos palestinianos faz parte do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, tendo, em troca, sido libertadas hoje quatro mulheres militares que estavam reféns desde o ataque inicial do Hamas, a 07 de outubro de 2023.

A primeira fase do acordo de cessar-fogo e de libertação de reféns em Gaza entrou em vigor no domingo, 19 de janeiro. No primeiro dia foram libertadas três reféns israelitas e de 90 prisioneiros palestinianos.

Karina, Naama, Liri e Daniella libertadas pelo Hamas

As quatro reféns libertadas hoje foram Liri Albag, de 19 anos, e Karina Ariev, Daniella Gilboa e Naama Levy, de 20 anos.

As quatro militares foi exibidas, a sorrir e a acenar, por militantes do Hamas num palco na Praça Palestina, na Cidade de Gaza, onde milhares de pessoas se juntaram, tendo sido depois entregues nos veículos da Cruz Vermelha.

Israel confirmou que as reféns estavam bem, pouco depois da entrega à Cruz Vermelha.

Quatro mulheres soldados israelitas, que estavam detidas em Gaza desde o ataque de 7 de outubro de 2023, são entregues por militantes do Hamas a membros do Comité Internacional da Cruz Vermelha
Quatro mulheres soldados israelitas, que estavam detidas em Gaza desde o ataque de 7 de outubro de 2023, são entregues por militantes do Hamas a membros do Comité Internacional da Cruz Vermelha Dawoud Abu Alkas / Reuters

Hamas divulga lista de 200 prisioneiros palestinianos para Israel libertar

O Hamas divulgou a lista de 200 prisioneiros palestinianos que serão libertados por Israel em troca destas quatro soldados israelitas

Os 200 palestinianos incluem reclusos de longa data e outros com penas longas, como explica o correspondente da SIC Henrique Cymerman.

Segundo uma lista divulgada pelo Hamas, dos 200 prisioneiros ou detidos palestinianos, 121 cumpriam penas perpétuas, 70 serão expulsos de Gaza e da Cisjordânia, mas não foi indicado para onde.

Os militantes mais notórios que estão a ser libertados incluem Mohammad Odeh, de 52 anos, e Wael Qassim, de 54, ambos de Jerusalém Oriental, acusados de realizar uma série de ataques mortais do Hamas contra israelitas, incluindo um atentado bombista num café na Universidade Hebraica de Jerusalém, em 2002, que matou nove pessoas, incluindo cinco cidadãos norte-americanos.

Israel acusou hoje o grupo islamita Hamas de violar o acordo de cessar-fogo em Gaza, no dia em que foi feita a segunda troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos, sendo libertadas quatro mulheres militares.

"O Hamas não cumpriu com as suas obrigações de primeiro libertar as mulheres civis israelitas", disse o porta-voz do exército israelita, Daniel Hagari, numa breve declaração feita logo após a confirmação de que as reféns tinham entrado em território israelita.

Já na sexta-feira à noite, quando o Hamas anunciou que iria libertar quatro mulheres soldados, que foram raptadas da base militar de Nahal Oz, a 07 de outubro de 2023, Israel manifestou a sua discordância, alegando que uma das condições do acordo era que as mulheres civis teriam prioridade na libertação.

Segundo a agência francesa AFP, Israel condiciona o regresso dos palestinianos deslocados do sul para o norte de Gaza à libertação de uma refém, Arbel Yehud, a quem dois dirigentes do Hamas disseram à AFP pouco depois estar "de boa saúde".

O ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 causou a morte de 1.210 pessoas do lado israelita, na maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.

Das 251 pessoas raptadas nesse dia, 91 continuam reféns em Gaza, 34 das quais mortas, segundo o exército israelita. Outras foram dadas como mortas pelo Hamas, mas sem confirmação ou prova de vida.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 47 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.