Lisboa é um dos piores centros urbanos europeus para a mobilidade urbana infantil, segundo um estudo divulgado hoje pela associação Zero, que analisou as melhores práticas nesta área em 36 cidades da Europa.

A divulgação do estudo ocorre no mesmo dia em que associação ambientalista lança uma campanha de sensibilização designada por "Ruas para a Criançada", no sentido de alertar para a necessidade de a cidade de Lisboa "melhorar" a sua posição.

A capital portuguesa ficou na 35.ª posição de um 'ranking' de 36 cidades europeias avaliadas pelos "esforços em dar prioridade às crianças nas suas decisões de mobilidade urbana", segundo é referido nas conclusões do relatório divulgado pela associação ambientalista Zero, a que a agência Lusa teve acesso.

A elaboração do 'ranking' teve como "indicadores-chave" a adoção de ruas escolares, que limitam o tráfego motorizado, a extensão dos limites de velocidade seguros (30 km/h ou menos) e a disponibilidade de infraestruturas cicláveis protegidas.

Em termos globais, a cidade de Paris (França) foi a que apresentou melhor desempenho, com resultados "consistentes" nos três indicadores analisados, seguindo-se Amesterdão (Países Baixos) e Antuérpia (Bélgica).

No que diz respeito a ruas escolares (artérias junto a escolas primárias onde é dada prioridade aos peões e ciclistas, sendo o tráfego motorizado limitado) o 'ranking' é liderado por Londres (Reino Unido), Milão (Itália) e Paris.

Neste indicador, Lisboa, que não tem nenhuma rua escolar, ocupa o 33.º lugar do 'ranking', estado apenas à frente, com piores indicadores, das cidades de Madrid (Espanha), Munique (Alemanha) e Sofia (Bulgária).

A capital portuguesa volta a ter um mau desempenho no indicador das velocidades seguras, ocupando 32.º lugar de uma lista encabeçada por Paris, Bruxelas e Lyon (França).

O município português, presidido por Carlos Moedas (PSD), tem apenas 5% da rede viária com um limite de velocidade de 30 km/h, contra os 88,9% de Paris.

Já no indicador das infraestruturas cicláveis protegidas, Lisboa ocupa o 31.º lugar de uma lista novamente liderada por Paris, a que se segue Helsínquia (Finlândia) e Copenhaga (Dinamarca).

Lisboa tem uma cobertura de 7% de infraestruturas cicláveis protegidas, enquanto Paris tem 48%.

A avaliação das 36 cidades foi feita a nível nacional por várias associações, junto de administrações municipais e outros organismos públicos.

No caso de Lisboa tratou-se de uma ação coordenada pela Zero, em colaboração com a Kidical Mass, Ecomood e Lisboa Possível.