A coligação de esquerda, Nova Frente Popular, anunciou esta terça-feira que chegou a um acordo para apresentar Lucie Castets, funcionária pública de alto escalão que se destacou na defesa dos serviços públicos, como candidata a primeira-ministra de França.
Lucie Castets, de 37 anos, que também lutou contra a fraude fiscal e o crime organizado, terá um "compromisso total no governo que formar" por parte dos quatro partidos da coligação - Partido Socialista, Partido Comunista Francês, Ecologistas e a França Insubmissa (LFI, na sigla em francês) -, segundo indicou uma declaração conjunta divulgada pela Nova Frente Popular.
Embora Lucie Castets seja um nome relativamente desconhecido do grande público francês até hoje, o comunicado das quatro forças de esquerda destacou também a "luta ativa da candidata contra o prolongamento da reforma aos 64 anos" e o seu perfil de ativista associativa.
Lucie Castets não é membro de nenhum dos partidos da Nova Frente Popular. No entanto, foi candidata às eleições regionais de 2015 na Normandia pela lista do Partido Socialista, liderada na altura por Nicolas Mayer-Rossignol.
Numa entrevista à agência noticiosa AFP, transmitida poucos minutos após o anúncio do seu nome pela Nova Frente Popular, a candidata, diretora de Finanças e Compras da Câmara Municipal de Paris, afirmou querer "revogar a reforma das pensões", em concordância com o programa da coligação de esquerda.
O anúncio surge 16 dias após as eleições legislativas antecipadas, que deram uma vitória apertada à esquerda, sem maioria, à frente do grupo centrista do Presidente francês, Emmanuel Macron, e da extrema-direita da União Nacional (RN, na sigla em francês).
O líder da LFI (esquerda radical), Jean-Luc Mélenchon, tem defendido a formação de um novo governo, exigindo a nomeação de um primeiro-ministro da aliança de esquerda. Emmanuel Macron tem o poder de nomear Lucie Castets, que pode recusar a oferta se considerar que não tem consenso suficiente na Assembleia Nacional francesa (parlamento).
Macron aceitou a demissão do primeiro-ministro Gabriel Attal, que atualmente se encontra a tratar dos assuntos correntes do Estado, sem ter ficado estabelecido um prazo para a nomeação de um novo chefe de governo, numa altura em que o país se prepara para receber os Jogos Olímpicos, cuja cerimónia de abertura está marcada para sexta-feira.