
"Não têm nem terão apoio público, não têm futuro. Temos mais democracia do que aqueles que se apresentam como modelos", declarou Lukashenko durante a cerimónia de tomada de posse no Palácio da Independência em Minsk, ao prestar juramento sobre a Constituição do seu país, que governa desde 1994 e que deverá liderar até 2030.
Milhares de apoiantes de Lukashenko assistiram hoje à cerimónia, durante a qual o Presidente denunciou os seus críticos como "fantoches estrangeiros".
"Metade do mundo está a sonhar com a nossa 'ditadura', a ditadura dos negócios reais e dos interesses do nosso povo (...) Temos tudo em ordem em termos de liberdade de imprensa e temos mais democracia do que aqueles que dizem defendê-la", sublinhou Lukashenko, de 70 anos.
"O vosso Presidente nunca vos abandonou e nunca vos abandonará, não vos trairá e não fugirá. Vocês são toda a minha vida. No dia 26 de janeiro [data das eleições], atravessámos mais uma etapa histórica, fizemo-lo com confiança e sabedoria, sem nos afastarmos do caminho que percorremos há um terço de século", frisou.
Centenas de pessoas manifestaram-se hoje no estrangeiro contra Lukashenko, que completou três décadas no poder o ano passado, e para assinalar o aniversário da curta independência da Bielorrússia em 1918, após o colapso do Império Russo.
Vários membros da oposição, que têm sido presos ou exilados no estrangeiro durante o regime de Lukashenko, numa tentativa de reprimir a dissidência e a liberdade de expressão, denunciaram a autenticidade das eleições.
"As eleições realizaram-se num contexto de uma profunda crise dos direitos humanos, numa atmosfera de medo total causada pela repressão contra a sociedade civil, os meios de comunicação social independentes, a oposição e a dissidência", denunciou o principal grupo de defesa dos direitos humanos do país, Viasna, em conjunto com 10 outros grupos bielorrussos de defesa dos direitos humanos, que condenaram a "manutenção ilegítima" de Lukashenko no poder.
A líder da oposição no exílio, Sviatlana Tsikhanouskaya, que fugiu da Bielorrússia depois de se ter candidatado contra Lukashenko em 2020, prometeu continuar a lutar pela liberdade do país.
"O nosso objetivo é libertarmo-nos da ocupação russa e com a tirania de Lukashenko e fazer regressar a Bielorrússia à família das nações europeias", declarou Tsikhanouskaya num discurso no parlamento lituano.
Às eleições presidenciais de 2020 seguiram-se meses de protestos maciços sem precedentes no país de nove milhões de habitantes, cuja repressão resultou na detenção de mais de 65.000 pessoas, no espancamento de milhares de manifestantes pela polícia e o encerramento e ilegalização dos meios de comunicação social independentes e das organizações não-governamentais (ONG).
Sobre estes protestos, Lukashenko disse que "não permitirá que a liberdade de expressão seja utilizada como um bastão para destruir o próprio país".
Após as eleições de 2020, as principais figuras da oposição foram presas ou fugiram do país. Ativistas dos direitos humanos afirmam que a Bielorrússia tem cerca de 1.300 presos políticos, incluindo o Prémio Nobel da Paz Ales Bialiatski, fundador do Viasna.
A Comissão Central de Eleições da Bielorrússia declarou Lukashenko como vencedor das eleições presidenciais de 26 de janeiro com cerca de 87% dos votos.
Lukashenko governa o país desde 1994, apoiado pelo Presidente russo, Vladimir Putin, no poder na Rússia há mais de 20 anos.
O Presidente da Bielorrússia permitiu a Moscovo utilizar o território do país para invadir a Ucrânia em fevereiro de 2022 e, mais tarde, albergou armas nucleares táticas da Rússia
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