Lula da Silva esteve num evento político do Partido Socialista Brasileiro (PSB), no qual reforçou sua firme defesa do multilateralismo e da Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o "unilateralismo" que, segundo ele, o governo norte-americano "quer impor".

"As negociações coletivas são importantes, fortalecer a OMC e as Nações Unidas, tudo é importante para defender o mundo", declarou.

Segundo Lula, "ninguém quer voltar à Guerra Fria", já que a maior parte do mundo entendeu que "o livre comércio é necessário" e que "a soberania de cada país deve ser defendida".

Neste contexto, disse que nos Estados Unidos "querem processar o juiz Alexandre de Moraes", membro do Supremo Tribunal Federal, "porque ele quer impedir que alguns brasileiros que estão naquele país façam coisas contra o Brasil todos os dias".

O presidente brasileiro referia-se às restrições de vistos anunciadas esta semana pelo secretário de Estado norte-americano Marco Rubio, que serão aplicadas a funcionários estrangeiros que "censurem" cidadãos norte-americanos ou que residam legalmente nos EUA.

Embora o comunicado que oficializou a decisão não tenha esclarecido a quem a medida se aplicaria, teme-se no Brasil que ela afete o juiz Moraes, relator de um processo de golpe contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e também responsável por um processo por desinformação, que bloqueou temporariamente a rede social X e outras empresas de internet.

Essas decisões judiciais surgiram como resposta à recusa das plataformas em remover mensagens de ódio e informações falsas sobre o Brasil, atribuídas a cidadãos brasileiros ligados à extrema-direita e residentes nos Estados Unidos.

"Ninguém tem que se meter nos assuntos do Brasil e os brasileiros não devem se meter nos assuntos dos outros", disse Lula sobre a possível sanção do juiz Moraes.

"Nunca critiquei a justiça deles", que "faz tantas barbaridades e tantas guerras, que matam tanta gente", acrescentou.

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