
Numa carta dirigida ao diretor-geral do HCM, consultada hoje pela Lusa, os profissionais dizem que vão interromper os serviços a partir das 15:30, além dos feriados e fins de semana, até que a dívida seja liquidada.
Em causa está a falta de pagamento das horas extraordinárias à classe, que se estende por 13 meses, dizem.
A última paralisação dos médicos daquele hospital aconteceu entre maio e julho do ano passado, tendo culminado, na altura, com acordos entre a classe e a direção do hospital, que no entanto não foram cumpridos, acusam os clínicos na carta.
"Após inúmeras reuniões, o que se verifica é que não está sendo feito o pagamento da forma previamente acordada, existindo ainda dívidas de 2024 (janeiro a abril e agosto a dezembro) e os cinco meses de 2025", explica o documento.
Segundo os médicos, esta situação tem levado a um "acentuado desgaste físico, emocional e financeiro" devido aos custos com as deslocações para execução das referidas atividades.
"Este posicionamento da direção-geral do HCM constitui um verdadeiro retrocesso em relação ao acordado em reuniões anteriores entre as partes nas quais se exortava que os médicos residentes dessem um voto de confiança à mesma para a resolução dos problemas concernentes ao processo de pagamento das horas extras", acrescenta.
O ministro da Saúde de Moçambique apelou em 12 de maio ao diálogo para travar greves no setor da saúde, referindo que o executivo está a trabalhar para assegurar melhores condições de trabalho aos enfermeiros e outros profissionais da saúde.
"Há muitos problemas que já foram ultrapassados e estamos a ultrapassar, principalmente com o diálogo. Nós estamos abertos ao diálogo, porque estou ciente de que há desafios no setor, não nego isto, mas em conjunto vamos ultrapassar. Estamos a buscar consensos dentro do setor para resolver o problema da classe", declarou Ussene Isse.
O setor da saúde enfrenta, há três anos, greves e paralisações convocadas pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que abrange cerca de 65.000 profissionais de saúde de diferentes departamentos.
O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrentou também, nos últimos dois anos, diversos momentos de pressão, provocados por greves de funcionários, convocadas pela Associação Médica de Moçambique (AMM) exigindo às melhorias das condições de trabalho.
O país tem um total de 1.778 unidades de saúde, 107 das quais são postos de saúde, três são hospitais especializados, quatro hospitais centrais, sete são gerais, sete provinciais, 22 rurais e 47 distritais, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.
LYCE // FPA
Lusa/FIM