"Esta manifestação é para mostrar ao primeiro-ministro que há questões sociais em jogo, questões relacionadas com as pensões e os serviços públicos", disse Laurent Feisthauer, da Confederação Geral do Trabalho (CGT), enquanto marchava em Estrasburgo, no leste de França.
Segundo a CGT, cerca de 170.000 pessoas manifestaram-se em todo o país a pedido dos sindicatos CGT, Federação Sindical Unitária (FSU) e Solidaires, número que as autoridades ainda não confirmaram.
A última grande jornada nacional de protesto para exigir aumentos salariais, que incluiu também uma jornada de paralisação, ocorreu há um ano, em outubro de 2023, reunindo na altura entre 92.500 manifestantes, segundo a polícia, e 200.000, segundo a CGT.
Em Paris, onde a CGT anunciou uma participação de 20.000 pessoas, os manifestantes mostraram-se preocupados com as decisões orçamentais que o primeiro-ministro francês poderá tomar.
"Sabemos muito bem que a direita vai querer fazer poupanças e que vamos assistir a uma nova redução dos recursos disponíveis para o sistema educativo nacional", afirmou Camille, de 31 anos, professora do ensino secundário em Paris.
O Ministério da Educação francês registou hoje uma fraca participação de 6,08% dos professores em greve.
Para Murielle, de 54 anos, assistente social num hospital perto de Paris, "não há mais nada" que o Governo francês possa cortar.
O objetivo dos sindicatos era exercer um pouco mais de pressão sobre Michel Barnier, nomeado há 26 dias para primeiro-ministro, que revelou hoje as suas prioridades aos deputados da Assembleia Nacional francesa (parlamento).
O primeiro-ministro francês anunciou que iria devolver aos parceiros sociais o controlo do seguro de desemprego, enterrando assim a atual reforma deste regime prevista pelo anterior governo de Gabriel Attal.
"São eles (parceiros sociais) que estão em melhor posição para encontrar soluções", afirmou Barnier.
O antigo comissário europeu e membro do partido conservador de direita Republicanos apelou ainda ao início destas negociações "nas próximas semanas", uma vez que as atuais regras de compensação para os candidatos a emprego terminam a 31 de outubro.
Quanto à muito criticada reforma das pensões, adotada no ano passado, que coloca gradualmente a idade da reforma nos 64 anos, "o diálogo deve ser retomado", de acordo com Barnier, que reiterou também o "imperativo de preservar o equilíbrio duradouro" do sistema francês.
Durante a manhã, vários liceus parisienses tiveram paralisados e cerca de uma centena de estudantes do ensino secundário desfilaram pelo Quartier Latin, conhecido como o bairro dos estudantes em Paris, com cartazes que exibiam frases de ordem contra Barnier.
MYCO // SCA
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