O cidadão libanês e militante pró-palestiniano Georges Abdallah, considerado o recluso há mais tempo detido numa prisão francesa e europeia por crimes de terrorismo, foi libertado hoje após 40 anos de prisão.

A libertação ocorreu por volta das 03:30 (02:30 em Lisboa), numa operação discreta com um contingente de segurança de oito carros de polícia e o representante da região de Hautes-Pyrénées, disse o advogado Jean-Louis Chalanset à emissora pública France Inter.

Condenado em 1987 a prisão perpétua por cumplicidade nas mortes de diplomatas norte-americanos e israelitas em 1982, Georges Abdallah, hoje com 74 anos, está elegível para a liberdade há 25 anos, mas viu os 10 pedidos de libertação serem rejeitados.

"É ao mesmo tempo uma alegria para ele, um choque emocional e uma vitória política depois de todo este tempo", disse Chalanset à agência France-Presse.

O tribunal de recurso de Paris ordenou a libertação na semana passada, "a partir de 25 de julho", com a condição de Georges Abdallah deixar o território francês e não voltar mais.

De acordo com Chalanset, que o visitou na prisão na quinta-feira, o recluso parecia "muito feliz" com a libertação, "mesmo sabendo que chegará ao Médio Oriente num contexto extremamente difícil para as populações libanesa e palestiniana".

Sem reconhecer o envolvimento nos assassínios, Georges Abdallah sempre os qualificou como "atos de resistência" contra "a opressão israelita e americana" no contexto da guerra civil libanesa e da invasão israelita ao sul do Líbano em 1978.

Georges Abdallah, que caiu no esquecimento ao longo dos anos após mais de 40 anos de prisão, embora fosse, no momento da condenação, um dos prisioneiros mais famosos de França, é um "símbolo passado da luta palestiniana", considerou o tribunal no acórdão de fevereiro.

Além disso, o tribunal salientou que o pequeno grupo de cristãos libaneses laicos, marxistas e pró-palestinianos chamado FARL (Fração Armada Revolucionária Libanesa), há muito dissolvido, "não cometeu nenhuma ação violenta desde 1984".