Segundo o documento, consultado hoje pela Lusa e que será discutido ao longo das próximas semanas na primeira sessão parlamentar ordinária da legislatura, iniciada em 26 de março, a estratégia parte de uma taxa de incidência do HIV/Sida de 43% por 1.000 habitantes.

Contudo, no PQV é definida a meta de baixar essa taxa de incidência da doença para 13% por 1.000 habitantes até 2029, com claro foco na juventude.

O objetivo é reforçar o acesso à informação dos jovens, em concreto sobre saúde sexual reprodutiva e HIV, mas também nutrição, malefícios de álcool e outras drogas, da cobertura de 47,1% do total em 2024 para 70% em cinco anos, formando para o efeito, anualmente, mais de 2.000 ativistas sociais.

No final de janeiro, o Presidente norte-americano, Donald Trump, deu ordem para congelar a ajuda externa do seu país, canalizada principalmente através da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que apoia vários programas nesta área em Moçambique.

A decisão provocou o pânico entre as organizações humanitárias de todo o mundo que dependem dos contratos dos EUA para continuarem a funcionar, decisão que em Moçambique afeta nomeadamente programas de mitigação do HIV/Sida.

O Governo moçambicano afirmou em fevereiro passado que a suspensão da ajuda internacional norte-americana compromete programas de saúde em Moçambique, com destaque para o HIV/Sida, e que estava em "diálogo" com a embaixada dos EUA para "mitigar os impactos" dessa decisão da administração Trump.

Reconhecendo a "gravidade da medida" anunciada pelo Presidente norte-americano, o governante moçambicano garantiu, contudo, a continuidade de serviços essenciais de saúde, pedindo que a população não entre em pânico.

Entretanto, no final do fevereiro, o embaixador norte-americano em Moçambique disse que o país vai continuar a implementar programas para "salvar vidas" de moçambicanos com HIV/Sida, manifestando também interesse em tornar a cooperação "mais forte e segura".

"Nós vamos continuar nossos programas de salvar vidas de dois milhões de moçambicanos que têm HIV", disse Peter Vrooman, após um encontro com o Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, em Maputo.

Apesar do corte da ajuda internacional norte-americana, o embaixador afirmou que continuam a ser implementados alguns programas de assistência humanitária, nos quais têm estado a trabalhar com diferentes parceiros para os "salvaguardar".

"Alguns projetos estão na situação de pausa, mas temos isenções nalguns projetos que salvam vidas, ou seja, projetos do PEPFAR [Plano de Emergência da presidência norte-americana para o Alívio da SIDA], os antirretrovirais, e também a logística pelo setor de saúde", referiu o embaixador dos Estados Unidos da América (EUA).

Segundo o diplomata norte-americano, no encontro com o chefe de Estado moçambicano foi também discutido o reforço das relações bilaterais entre os EUA e Moçambique, havendo interesse mútuo em tornar a cooperação "mais forte, segura e próspera".

De acordo com a Organização das Nações Unidas, os Estados Unidos são, de longe, o maior fornecedor de ajuda externa, com quase 68,9 mil milhões de euros investidos até 2023, representando 40% da ajuda humanitária global.

 

PVJ // SB

Lusa/Fim