Esta segunda-feira, na Assembleia da República de Moçambique, tomam posse os 250 deputados eleitos a 9 de outubro do ano passado. A cerimónia solene começou por volta das 10:00 horas locais, menos duas em Lisboa, e está a ser dirigida pelo Presidente da República cessante, Filipe Nyusi.

É de notar que nem todos os eleitos estão presentes. Tanto a Renamo (Resistência Nacional Republicana) como o MDM (Movimento Democrático de Moçambique) anunciaram um boicote à cerimónia,

"O partido Renamo entende que esta cerimónia está desprovida de qualquer valor solene e por isso constitui um ultraje social e desrespeito à vontade dos moçambicanos, pelo que não fará parte desta tomada de posse", afirmou Marcial Macome.

"Ontem reuni com a comissão política e tomou-se essa decisão. Esta tarde estive reunido com os deputados para os deputados para os informar", disse Simango do MDM.

O mesmo tem dito Venâncio Mondlane, o candidato apoiado pelo Podemos, que tem sido a ‘cabeça’ das manifestações e dos confrontos que têm assolado sobretudo Maputo desde final de outubro.

Boicotes e paralisações

O processo em torno das eleições gerais ficou marcado nos últimos dois meses e meio por tensões sociais, manifestações e paralisações contestando os resultados que já provocaram quase 300 mortos e mais de 600 baleados.

Venâncio Mondlane apelou no sábado a três dias de paralisação em Moçambique a partir desta segunda-feira, e a "manifestações pacíficas" durante a posse dos deputados ao parlamento e do novo Presidente moçambicano, na quarta-feira, contestando o processo eleitoral.

Um parlamento (agora) com quatro partidos representados

A Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) é a maior força política, conseguindo um total de 171 deputados (menos 13 que na legislatura anterior).

Segue-se o Podemos (Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique), até agora era extraparlamentar e que conseguiu 43 nomes eleitos, tornando-se na principal força da oposição.

A Renamo passa de segunda para terceira força política, com 28 deputados eleitos e em quarto lugar ao MDM com 8 deputados.

Acessos ao parlamento estão fortemente condicionados

A capital de Moçambique, assim como relata a enviada especial da SIC, é esta segunda-feira uma cidade vazia e estranhamente calma.

Acordou deserta, praticamente sem transportes a funcionar e com várias artérias envolventes ao parlamento, na avenida 24 de Julho, cortadas, perante um forte dispositivo policial e de militares, enquanto o comércio está encerrado.

Com a tomada de posse, os acessos ao parlamento estão fortemente condicionados e com várias barricadas colocadas pela polícia.

Com Lusa