Pedro Nuno Santos reafirma, no Jornal da Noite da SIC, que o Partido Socialista (PS) vai votar contra a moção de confiança ao Governo. O líder socialista diz que só há uma forma de evitar eleições: o primeiro-ministro retirar a moção.

A entrevista do secretário-geral do PS no Jornal da Noite da SIC acontece na véspera de um dia decisivo para Portugal: a votação de uma moção de confiança que pode levar à queda do Governo.

"Só há uma forma de evitarmos as eleições e essa forma depende do primeiro-ministro e da retirada da moção de confiança ", afirma Pedro Nuno Santos, em entrevista no Jornal da Noite da SIC.

Montenegro sabia que o PS, assim como a maioria dos partidos, votaria contra a moção de confiança e mesmo assim decidiu avançar, refere o socialista. O PS "sempre disse" que chumbaria a moção. Posto isto, não volta atrás e reafirma que, perante as suspeitas "graves" de um primeiro-ministro "sem ética", o voto será contra.

"É impensável que agora, perante a moção de confiança, eu faça o contrário do que disse há uma semana no debate de censura do PCP e há duas semanas no debate de censura do Chega", diz.

De acordo com socialista, Portugal não pode ter um primeiro-ministro que "recebe avenças" sem a serviços prestados. "Este caso é muito sério", refere.

Governo não retira moção de confiança

O ministro da Presidência garantiu esta segunda-feira que o Governo não vai retirar a moção de confiança.

Perante isto, o Governo de Montenegro cai esta terça-feira, caso o PS vote mesmo contra a moção de confiança. O Chega já confirmou que vai chumbar a moção por considerar que se mantém as suspeitas "graves" sobre o primeiro-ministro.

O PS reúne-se esta segunda-feira à noite, a partir das 21:00. O encontro terá como ponto único a análise à crise política.

Se o Governo cair, serão as terceiras eleições legislativas em três anos.

Montenegro (e a empresa de família) no centro da polémica

A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, - e que passou esta semana apenas para os filhos de ambos - levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.

Depois de mais de duas semanas de notícias - incluindo a do Expresso de que a empresa Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva - de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou no dia 5 de março a apresentação de uma moção de confiança.