
O ex-ministro Duarte Cordeiro adiantou hoje à Lusa que não será candidato à liderança socialista, mas quer contribuir "para uma solução de unidade e não de fação", pedindo tempo para escolher os melhores e não os mais rápidos.
"Não serei candidato mas quero contribuir para uma solução de unidade e não de fação", referiu, numa declaração à Lusa, Duarte Cordeiro.
Na opinião do antigo ministro dos governos de António Costa, é preciso "dar tempo" para que se possa "escolher entre os melhores e não eleger os mais rápidos".
"Quem se candidatar deve trabalhar com todos, os melhores, respeitar o passado e ter uma atitude construtiva", defendeu, sem avançar ainda nomes.
Duarte Cordeiro considerou também que devem ser procurados "consensos entre os potenciais candidatos para os calendários" eleitorais internos.
Pedro Nuno Santos deixará de ser secretário-geral do PS já no sábado, após a Comissão Nacional, e será o presidente do partido, Carlos César, a assumir interinamente a liderança socialista, confirmou à Lusa fonte oficial partidária.
A Comissão Nacional do PS para aprovar o calendário eleitoral interno, depois do anúncio da demissão de Pedro Nuno Santos da liderança, foi convocada para sábado, em Lisboa, também para analisar os resultados das legislativas.
Da ordem de trabalhos faz parte a "análise da situação política face aos resultados eleitorais" de domingo e a "aprovação de calendários e regulamentos eleitorais".
O PS alcançou o terceiro pior resultado da sua história em legislativas, ficando quase empatado com o Chega, o que levou o seu líder, Pedro Nuno Santos, a apresentar a demissão um ano e meio após a sua eleição.
As eleições legislativas antecipadas de domingo, ganhas pela AD, tiveram um impacto profundo no PS e, no discurso no qual assumiu a derrota, Pedro Nuno Santos anunciou que pediu ao presidente do partido a convocação para sábado da Comissão Nacional para que haja eleições internas, às quais não se vai recandidatar.
Segundo os resultados provisórios, e ainda sem os votos contados da emigração, o PS perdeu 20 deputados e tem, neste momento, 58 lugares no parlamento, com um resultado de 23,38%, ou seja, 1.394.491 votos.
Com este resultado, o PS surge quase empatado com o Chega e, em comparação com os mesmos resultados do ano passado, também sem a emigração, perdeu cerca de 365 mil votos num ano.
Este é o terceiro pior resultado da história do PS em termos de percentagem, tendo a marca só sido pior apenas em 1985, com Almeida Santos, e em 1987, com Vítor Constâncio.
No discurso no qual assumiu a derrota, o líder do PS assumiu a responsabilidade do resultado, disse que deixa de ser secretário-geral se "puder ser já" e que não quer "ser um estorvo nas decisões" que o PS tem que tomar.
"Mas como disse Mário Soares, só é vencido quem desiste de lutar e eu não desistirei de lutar. Até breve. Obrigado a todos", enfatizou.