O neurocientista Daniel Levitin acredita que a música pode tratar condições de saúde como o Alzheimer, Parkinson, depressão e perda da fala. O também músico, que alega há evidências científicas sólidas, defende a sua tese no livro "I Heard There Was a Secret Chord: Music as medicine".

O uso da música na medicina não é uma novidade. Em culturas de todo o mundo, curandeiros recorreram à música durante milhares de anos. Contudo, só nas últimas décadas o impacto no sistema nervoso foi estudado através de avanços na neuroimagem e experiências rigorosas.

É no novo livro "I Heard There Was a Secret Chord: Music as medicine", publicado no verão de 2024 que Daniel Levitin explica a sua tese.

Cantar no carro, a nostalgia que se sente ao ouvir um tema antigo, o empoderamento ao ouvir música durante o jogging são exemplos do poderoso efeito da música no corpo e na mente. Mas e se tivesse, de facto, o poder de cura?

Em 2006, Daniel Levitin publicou o livro "This Is Your Brain on Music", contudo, alega que na altura não havia investigação suficiente.

Em várias entrevistas que deu sobre o novo livro, "I Heard There Was a Secret Chord: Music as medicine", o especialista e músico na McGill University defende que a música pode tratar doenças neurodegenerativas.

Há música "armazenada" de forma "especial"

A música que ouvimos na juventude é "armazenada com uma clareza especial", explica o neurocientista numa entrevista à AARP, organização sem fins lucrativos, acrescentando que pode "relaxar e acalmar" doentes com Alzheimer que não se lembram onde estão nem conhecem os familiares.

"Essas músicas são a única coisa na vida que é familiar", refere.

Desta forma, a música pode ser uma ferramenta melhor para despertar memórias do que, por exemplo, um álbum de fotografias.

Daniel Levitin explica que quando uma pessoa ouve uma música que gosta o cérebro "produz opioides" suficientes para tratar a dor. Dessa forma, não precisará de recorrer a fármacos.

Influência na doença de Alzheimer

Questionado sobre as doenças que a música mais pode influenciar, o neurocientista diz que "um dos melhores casos" é a doença de Alzheimer. Ou seja, em pacientes que de outra forma poderiam estar agitados e violentos por estarem desorientados.

"A música pode trazê-los de volta", afirma, na mesma entrevista.

A doença de Parkinson é outro "bom caso", indica: "Se tocarmos música no mesmo ritmo dos passos de alguém com Parkinson eles conseguem andar sem problemas".

Futuro da música na medicina

De acordo com o neurocientista, alguns médicos já recorrem à música, mas "não os suficientes".

"Podemos economizar muito dinheiro para o sistema de saúde. Podemos reduzir o vício. Acho que as seguradoras de saúde vão perceber que este remédio antigo pode aliar-se à medicina como uma prática diária", afirma.

Daniel Levitin diz que "nunca é tarde" para começar a tocar um instrumento.

neuroprotetor , constrói novas conexões cerebrais de forma que ajudará a proteger o cérebro em caso de doença ou lesão", garante.