No principal município da Região Autónoma da Madeira, o Funchal, governado por PSD/CDS-PP, são conhecidas até agora oito candidaturas às eleições autárquicas que se realizam em 12 de outubro.

O mandato fica marcado pela detenção, em janeiro de 2023, do presidente eleito em 2021, Pedro Calado (PSD), numa investigação por suspeitas de crimes de corrupção. O autarca renunciou e foi substituído pela vice-presidente, Cristina Pedra, que recusou uma candidatura.

O PSD, apoiado pelo CDS-PP, chegou a anunciar este ano que o presidente da Assembleia Municipal, José Luís Nunes, ia encabeçar a lista, mas o pediatra desistiu, alegando motivos pessoais, e o partido indicou então o atual secretário regional da Educação Ciência e Tecnologia, Jorge Carvalho, visando manter a governação do município, que reconquistou nas últimas autárquicas à coligação Confiança, liderada pelo PS.

Jorge Carvalho nasceu em 1968, foi o primeiro presidente da associação académica da Universidade da Madeira, docente, presidente da Junta de Freguesia de São Gonçalo (Funchal), deputado na Assembleia da Madeira e diretor regional da Juventude.

Desde 2015 tem a pasta da Educação, sendo o número dois do executivo madeirense, e diz estar "motivado" para este desafio que o apanhou de "surpresa", defendendo "um Funchal cosmopolita e virado para o futuro".

Quanto ao JPP, anunciou a candidatura da presidente do Banco Alimentar na região desde 2012, Fátima Aveiro, como independente.

Nascida em 1963, a candidata foi diretora regional do Emprego, do Serviço de Defesa do Consumidor e da Segurança Social, e aceitou este desafio por considerar que "as pessoas precisam de mudança", admitindo que não se revê no "atual modelo, que está gasto".

O PS, que apostava em coligações desde 2013, concorre sozinho e indicou Rui Caetano, deputado regional desde 2019, militante há cerca de 30 anos e diretor de uma escola.

O candidato, nascido em 1967, foi já cabeça de lista à Câmara do Funchal (2009) e número dois na candidatura à Assembleia da República (2011). Declara que nunca iria virar as costas ao partido num momento difícil, porque vive "uma crise de resultados", e está na corrida por um "Funchal mais justo, acessível e humano".

O Chega escolheu um independente que se desvinculou recentemente do PSD depois de mais de 20 anos de militância, Luís Filipe Santos, para quem "o tempo do medo acabou e chegou o momento da coragem".

Nascido em 1980, é inspetor superior da Autoridade Regional das Atividades Económicas desde 2005, presidente do Clube Desportivo Barreirense e foi candidato à Junta de Freguesia do Imaculado Coração de Maria (Funchal), em 2013, pelo PSD.

Já a IL concorre com a licenciada em Medicina Veterinária Sara Jardim, que nasceu em 1979 e desde 2019 faz da mediação imobiliária a sua profissão.

Esta militante liderou o departamento de produção e qualidade numa empresa avícola regional e defende que "o Funchal precisa de uma gestão mais próxima, mais eficiente e centrada nas pessoas".

A coligação CDU (PCP/PEV) aposta no ex-deputado regional Ricardo Lume, estivador que foi eleito em 2015 e exerceu funções até às regionais de 2024, quando o partido perdeu a representação.

Nasceu em 1984, foi dirigente estudantil e da Juventude Comunista, surgiu em várias eleições regionais em segundo lugar na lista encabeçada pelo coordenador insular, Edgar Silva, a quem substituía depois no parlamento, sendo membro do Comité Central do PCP. Também foi candidato ao Parlamento Europeu e quer "devolver a cidade aos cidadãos".

O Pessoas Animais Natureza (PAN) escolheu a porta-voz no arquipélago, a ex-deputada regional Mónica Freitas, que quer continuar a lutar pelas causas do partido.

Nascida em 1995, é licenciada em Serviço Social e em Igualdade de Género, com o curso de técnica de apoio à vítima, integrou a Comissão para o Estatuto da Mulher da Organização das Nações Unidas, em 2017, e fundou a associação Womaniza.te.

Eleita nas regionais de 2023, viabilizou o Governo Regional minoritário PSD/CDS, mas retirou depois a confiança política ao presidente, Miguel Albuquerque, constituído arguido, provocando a demissão do governante e a convocação de novas eleições. Foi reeleita em 2024, mas perdeu o lugar este ano.

A coordenadora regional do BE desde 2021, Dina Letra, é a cabeça de lista do partido. Nasceu em 1974, licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, é secretária de direção numa empresa vinícola e tem experiência nas lides eleitorais: foi candidata nas listas do partido em sufrágios autárquicos, regionais e nacionais desde 2004 e nas listas da coligação liderada pelo PS no Funchal em 2013 e 2017.

Foi vereadora e elege como prioridades o "direito à habitação contra a especulação e do setor imobiliário", além do ordenamento do território, por entender que o Funchal está a ficar "descaracterizado".

O executivo do Funchal tem 11 elementos - seis da coligação Funchal Sempre à Frente (PSD/CDS) e cinco da Confiança (PS/BE/PAN/MPT/PDR).

A Assembleia Municipal é constituída por 43 deputados - 17 da coligação PSD/CDS-PP, 14 da Confiança, um eleito pela CDU e um do Chega.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, em 2023 o Funchal tinha uma população estimada em mais de 107.500 pessoas, distribuída por 76,25 quilómetros quadrados.