
Perante o Conselho de Segurança da ONU e durante um debate sob a presidência da Grécia, Guterres denunciou que os oceanos do mundo enfrentam "pressões sem precedentes", com o aumento significativo de crimes, incluindo pirataria, terrorismo, tráfico de drogas, armas e pessoas, além de ciberataques.
"As rotas marítimas do mundo e as pessoas que dependem delas estão a pedir socorro", disse o responsável, citando dados apresentados pela Organização Marítima Internacional (OMI), a mostrar que os incidentes de pirataria e assaltos à mão armada aumentaram 47,5% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024.
Guterres sublinhou que o terrorismo nos mares representa uma ameaça significativa à segurança internacional, ao comércio global e à estabilidade económica, reconhecendo que este problema se tem vindo a agravar.
A situação é particularmente crítica na Ásia, onde os crimes marítimos quase duplicaram, com destaque para o estreito de Malaca e para as águas internacionais na região de Singapura.
O mar Vermelho e o golfo de Áden também permanecem como focos de instabilidade, com os ataques do movimento rebelde Huthi a embarcações comerciais que interrompem cadeias logísticas e intensificam as tensões na região.
Guterres avisou ainda sobre a multiplicação de redes criminosas transnacionais, com o golfo da Guiné como exemplo de um cenário complexo, onde se combinam pirataria, sequestros, roubo de petróleo, pesca ilegal e tráfico de armas e de seres humanos.
De acordo com a ONU, a heroína do Afeganistão chega à África Oriental pelo oceano Índico; a cocaína atravessa o Atlântico rumo à África Ocidental e aos portos europeus; e, mais recentemente, até os portos globais estão sob ameaça de ataques cibernéticos.
Perante este cenário, Guterres apresentou três prioridades para uma resposta da comunidade internacional: o respeito pelo direito internacional, especialmente pela Carta das Nações Unidas e pela Convenção sobre o Direito do Mar, a criação de oportunidades sustentáveis para populações costeiras vulneráveis, como forma de dissuadir o aliciamento pelo crime organizado, o reforço das parcerias entre todos os atores do setor marítimo, de governos a companhias de navegação, passando por organizações regionais, seguradoras e pescadores.
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