A afirmação é taxativa: “O hospital Amadora-Sintra está a funcionar muito abaixo dos limites de segurança clínica. Consideramos não ser adequado para a população manter uma urgência de cirurgia geral aberta ao exterior que não cumpra o recomendado, muito longe disso”, alerta o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes. Em comunicado enviado ao início da tarde desta segunda-feira, a Ordem dos Médicos revela que, “no fim de semana passado, o hospital, contra todas as recomendações técnicas, tinha uma escala com apenas três médicos, sendo um médico especialista e dois médicos internos”.
O número insuficiente de cirurgiões gerais nas urgências não foi um constrangimento pontual e a Ordem receia as consequências para a população. É “uma realidade que põe em risco a segurança clínica, mas que, lamentavelmente, acontecerá na maioria dos dias de fevereiro”, afirma o bastonário. No comunicado, a Ordem faz o diagnóstico ao que está a acontecer: “o hospital serve uma área populacional de mais de meio milhão de habitantes e os protocolos do serviço de urgência definem como seis, o número mínimo de médicos”. Ou seja, “um preocupante descalabro com elevados índices de insegurança tanto para os doentes como para os médicos”, garante Carlos Cortes.
O problema não é de agora, mas sofreu uma agudização com a demissão de dez cirurgiões no final do ano passado, em protesto contra o regresso do antigo diretor do serviço e de um especialista da equipa após um processo disciplinar, e as soluções encontradas pela administração nada resolveram segundo os médicos. Assim, “dada a ausência de soluções, o bastonário entende ser necessária a intervenção imediata do Ministério da Saúde, tendo em vista a reposição dos protocolos médicos definidos e a garantia de que as diversas unidades de saúde prestam os adequados serviços médicos às populações”, é referido no comunicado
O Expresso aguarda uma explicação dos responsáveis do hospital Amadora-Sintra.