
A Secretária Regional da Inclusão, Trabalho e Juventude, Paula Margarido, defendeu esta terça-feira, que "educar é, também, proteger", sublinhando que a educação deve estar profundamente ligada à justiça social e à protecção efectiva das crianças e jovens em situação de vulnerabilidade. "Proteger, em muitos casos, é a forma mais urgente e essencial de educar", afirmou.
A governante falava durante a sessão plenária do Congresso Global 'Educação, Solidariedade e Evangelização: Da Europa para a Madeira, da Madeira para o Mundo', que decorre no Hotel Pestana Casino Park, no Funchal, até 11 de Julho, por ocasião dos 100 anos da chegada das Irmãs da Apresentação de Maria à Madeira.
Paula Margarido lembrou que, apesar dos avanços legislativos e sociais, continuam a existir na Região, como em todo o mundo, contextos de risco real para muitas crianças e jovens, onde persistem negligência, abandono emocional, pobreza extrema e violência. "A infância ainda não é um lugar seguro para todos. E isso obriga-nos a agir com urgência, com firmeza e com compaixão", sublinhou.
No seu discurso, evocou também o papel das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens, o reforço de respostas educativas diferenciadas, os programas de apoio à parentalidade e as estratégias que têm vindo a ser desenvolvidas no arquipélago em prol da inclusão activa e do combate à exclusão precoce. Mas, sublinhou que o trabalho institucional só produz verdadeiros resultados quando encontra respostas comunitárias empenhadas, como é o caso da acção educativa e social das Irmãs da Apresentação de Maria.
"A missão destas Irmãs, que chegou à Madeira há um século, continua a ser profundamente actual. Educar com exigência e ternura. Evangelizar com presença. Incluir com humildade. Proteger com proximidade", referiu Paula Margarido, deixando ainda um apelo à construção de uma sociedade "onde não seja preciso gritar para que se ouça uma criança, onde os direitos não sejam negociáveis, e onde cada percurso individual seja respeitado e acompanhado".
A sessão, moderada pelo professor Jacinto Jardim(Universidade Aberta), integrou também as intervenções de Nuno Fraga (Universidade da Madeira), Marco Gomes (Secretaria Regional da Educação) e Graça Alves (Museu de Arte Sacra), e centrou-se no tema 'Liderar e Renovar na Educação', promovendo uma reflexão alargada sobre os desafios contemporâneos das instituições educativas.
O Congresso Global, que decorre entre os dias 7 e 11 de Julho, reúne dezenas de oradores nacionais e internacionais e pretende celebrar o centenário da chegada das Irmãs da Apresentação de Maria à Madeira, bem como dar corpo a uma ampla reflexão sobre o papel da educação, da fé e da solidariedade num mundo em constante transformação. Ao longo da semana, são abordados temas como espiritualidade educativa, vulnerabilidade social, missão feminina no mundo global, património e cultura, pedagogia e políticas públicas.
Paula Margarido encerrou a sua intervenção referindo, numa nota mais introspectiva, a sua experiência pessoal, e a forma como foi, mais do que acolhida, verdadeiramente adoptada pelas irmãs da Apresentação de Maria aquando da sua chegada à Região, no ano 2000, revelando também o vínculo que as suas filhas, antigas alunas, mantém com a instituição.
Deixou igualmente um agradecimento à organização, reforçando o compromisso do Governo Regional da Madeira com políticas públicas que coloquem as crianças, os jovens e a inclusão social no centro da acção governativa. "Que esta celebração dos 100 anos sirva também para renovar o nosso pacto educativo colectivo, feito de proximidade, afecto e responsabilidade partilhada", rematou.