
O procurador-geral espanhol Álvaro García Ortiz vai ser julgado por violação do segredo de justiça, após o Supremo Tribunal ter rejeitado o seu recurso final, levando a oposição a pedir a sua demissão imediata.
Garcia Ortiz, o procurador de mais alto nível de Espanha, é acusado de ter passado à imprensa informações sobre o empresário Alberto González Amador, sócio de Isabel Díaz Ayuso, presidente da região de Madrid e feroz opositora do governo do primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez.
O juiz, nomeado em agosto de 2022 por recomendação do governo de Sánchez, contesta os factos e tinha recorrido em junho da decisão de envio do caso para um tribunal criminal, proferida por um juiz do Supremo Tribunal, Ángel Luis Hurtado.
No entanto, o Supremo Tribunal decidiu hoje que "as provas recolhidas durante a investigação" eram "suficientes" para a realização de um julgamento.
Esta fuga judicial, envolvendo "informações confidenciais que não deveriam ter sido publicadas", foi o resultado de "um ato coordenado e realizado pessoalmente pelo procurador-geral", afirmou o TS em comunicado.
García Ortiz foi acusado a 13 de janeiro neste caso, sem precedentes na história judicial espanhola.
A acusação foi feita após a publicação, por diversos órgãos de comunicação social, de uma minuta de acordo de delação premiada entre o Ministério Público e Alberto González Amador.
González Amador é suspeito de ter defraudado o fisco espanhol entre 2020 e 2021 enquanto geria a sua empresa, que prestava serviços de saúde e viu as suas receitas expandirem-se durante a pandemia de Covid-19.
O caso complexo deu origem a acesas discussões entre o governo de Sánchez e Díaz Ayuso, uma das líderes do Partido Popular (PP), de oposição de centro-direita, que denunciou a perseguição como "selvagem" e acusou a equipa do primeiro-ministro de organizar as fugas de informação com a ajuda do Ministério Público.
Após a decisão do Supremo Tribunal, o PP renovou os seus pedidos de demissão de García Ortiz.
"Quem está no banco dos réus não pode processar crimes. O procurador-geral deve demitir-se imediatamente", escreveu o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, no X.
A data do julgamento ainda não foi anunciada.