
A PSP deu parecer negativo para as manifestações de movimentos de extrema-direita no 25 de Abril que estavam marcadas para o Martim Moniz, em Lisboa. A Polícia tem em conta a marcação de manifestações e concentrações para a mesma hora e área geográfica, "algumas com objetivos, desígnios e posicionamentos ideológicos distintos e antagónicos".
Em comunicado, a PSP explica que "foram analisadas todas as dinâmicas e contextos que possam perturbar a ordem pública" e decidiu pronunciar-se junto da Câmara Municipal de Lisboa, emitindo um parecer negativo para as iniciativas comunicadas para a Praça do Martim Moniz, em Lisboa, com o "estrito objetivo de garantir a ordem e tranquilidade públicas".
A PSP apela a todos os cidadãos a "adoção de atitudes e comportamentos corretos, legais e legítimos" de forma a que as celebrações dos 51 anos do 25 de Abril possam decorrer de "forma tranquila, pacífica, em serenidade e com civismo".
A Polícia anuncia ainda que irá promover, em todo o território nacional, constante visibilidade e mobilidade dos meios policiais destacados para esta operação de segurança, tentando prevenir e evitar a existência de situações de alteração da ordem pública.
Serão condicionadas algumas artérias de cidades do nosso País, nomeadamente no centro de Lisboa, pelo que a Polícia tentará a todo o momento equilibrar os necessários constrangimentos de trânsito com a normal circulação de pessoas e bens.
Na terça-feira, em resposta ao Expresso, a PSP indicou que até aquele momento não havia risco de desordem pública. "Não há desfile, é uma concentração estática e o policiamento será por isso mais simplificado. Mas a nossa avaliação pode sempre mudar", respondeu na altura a Polícia.
Já esta quarta-feira, a PSP veio dizer que "face à diversidade e proximidade de manifestações em Lisboa no dia 25 de Abril, com marcação para a mesma hora, algumas com desfile e com objetivos distintos e antagónicos, está a fazer nova avaliação do risco, analisando todas as dinâmicas que possam perturbar a ordem e tranquilidade pública, pronunciando-se brevemente junto da autoridade administrativa competente".
"Porco no espeto" no Martim Moniz
Nas redes sociais, o partido Ergue-te, o movimento Habeas Corpus e o Grupo 1143, este último de cariz nazi, vieram anunciar uma concentração no Martim Moniz para o dia 25 de Abril, feriado que marca o dia da revolução que pôs fim à ditadura.
Estes grupos anunciaram uma manifestação pela "diversidade e inclusão e contra o racismo" numa tarde em que se promete "confraternização, estreitamento de laços e fortalecimento da coesão interna".
Um dos pontos altos do evento intitulado "Portugal desce ao califado" será um "porco no espeto" e o outro a atuação de um grupo folclórico do Minho.
No início do ano passado, quando o Grupo 1143, liderado pelo neonazi Mário Machado, anunciou uma marcha anti-Islão no Martim Moniz, a PSP apontou “um risco elevado para a ordem e segurança públicas, uma vez que se identificaram vulnerabilidades graves associadas às características sociais e físicas do espaço indicado pelo promotor”. A Polícia argumentou na altura que o evento assumia “um elevado risco para a ordem e a tranquilidade pública”, não só pelo facto de ali residir uma grande comunidade islâmica como “pelas elevadas repercussões sociais” que a marcha assumiu, “sendo propícia a extremar de posições e a uma escalada de eventuais provocações e conflitos”.