"Vimos hoje uma notícia de que o Governo ia querer acelerar a chamada medida do IRS para agosto. E sustentava essa sua argumentação [porque] a economia está a dar sinais de fraqueza, e então é preciso que haja dinheiro nos bolsos para as pessoas poderem gastar. Não vale a pena esperar por agosto, podem fazê-lo amanhã: aumentem os salários, aumentem as pensões e as pessoas ficam com melhores condições para responder às necessidades da sua vida e para dinamizar a economia", declarou o líder do PCP.

À margem de uma manifestação que juntou hoje centenas de trabalhadores da administração local, em frente à Assembleia da República, Raimundo disse aos jornalistas que são estes trabalhadores "que põem a economia a funcionar, são aqueles que garantem que o país funciona, são aqueles que criam a riqueza".

O dirigente comunista considerou ainda que o PCP anda a defender o aumento de rendimentos dos trabalhadores há anos e que esta medida "vai ter de se impor, mais cedo ou mais tarde".

Paulo Raimundo destacou também que o "quinteto do retrocesso", composto, segundo o PCP, pelos partidos que apoiam as medidas do Governo no parlamento, "quer alterar as leis laborais, quer pressionar ainda mais a vida destes trabalhadores, quer avançar com medidas de restrição ao direito à greve".

"Podem tentar isso tudo, não vão conseguir. Esta força [dos trabalhadores que hoje se manifestaram] é uma força imensa que não vai permitir isso", acrescentou.

O Governo entregou na quarta-feira, na Assembleia da República, um diploma que prevê uma redução adicional no IRS de 500 milhões de euros este ano, de 0,5 pontos percentuais entre o primeiro e terceiro escalões, 0,6 pontos percentuais entre o quarto e sexto e 0,4 pontos percentuais no sétimo e oitavo.

O parlamento aprovou o pedido de urgência do Governo para apreciação desta proposta de lei.

O jornal Expresso noticia hoje que o Governo prepara-se para antecipar esta medida, para que entre em vigor já no início de agosto, com o objetivo de "aumentar o consumo no verão e tentar travar o abrandamento da economia".

Centenas de trabalhadores da administração local protestaram hoje em Lisboa, numa marcha entre o Largo Camões e o parlamento, num protesto para exigir aumentos dos salários e de suplementos face à subida do custo de vida.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), que agendou o protesto, os trabalhadores exigem o aumento de todos os salários, ou seja, dos assistentes operacionais, dos assistentes técnicos e dos técnicos superiores.

O STAL acompanhou a proposta reivindicativa da Frente Comum e dos restantes sindicatos da Administração Pública, propondo uma revisão intercalar do salário mínimo para que atinja os 1.000 euros já este ano, com um aumento mínimo de 150 euros para todos os trabalhadores.

Os trabalhadores reivindicam também o aumento do subsídio de refeição, a valorização geral das carreiras e a reposição de carreiras da administração local.

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