O sindicato bananeiro do Panamá comprometeu-se na quarta-feira a suspender imediatamente os bloqueios de estrada, organizados por trabalhadores em greve há mais de um mês, depois de ter assinado um acordo com os deputados para resolver a crise.

O acordo para o levantamento dos bloqueios na província de Bocas del Toro foi divulgado pela presidente da Assembleia Nacional (Parlamento), Dana Castañeda, explicando que "os representantes sindicais estão empenhados em suspender definitivamente os bloqueios de estradas e garantir a livre circulação em Bocas del Toro imediatamente após a assinatura deste acordo".

O sindicato reuniu-se desde terça-feira com os dirigentes dos grupos parlamentares para encontrar uma solução para a crise em Bocas del Toro, uma província das Caraíbas na fronteira com a Costa Rica, que continua parcialmente bloqueada por estes trabalhadores.

A solução está no apoio dos deputados a um projeto de lei que modifica o regulamento especial que rege as prestações e pensões dos trabalhadores do setor, que o Governo tem vindo a elaborar desde maio, depois de ter enviado delegações à província em diversas ocasiões.

Este projeto de lei deve ser discutido no Parlamento e depois ratificado pelo Presidente, de acordo com a lei do país, noticiou a agência Efe.

Os deputados e o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Bananeira (Sitraibana) assinaram hoje um documento no qual ambas as partes se comprometem, por um lado, a discutir o projeto de lei com celeridade no parlamento e, por outro, a suspender os bloqueios imediatamente após a assinatura do acordo.

Os produtores de banana iniciaram uma greve com ocupação, seguida de fortes bloqueios de estradas, em 28 de abril, para protestar contra uma lei que reforma a Segurança Social, que, segundo eles, afeta negativamente os benefícios dos trabalhadores do setor abrangidos por uma lei especial (Lei 45 de 2017).

O setor aderiu, assim, à greve sindical liderada desde 23 de abril por alguns sindicatos de professores e trabalhadores da construção civil contra a lei que reforma o Fundo de Segurança Social (CSS), que enfrenta há anos uma grave crise financeira.

Esta lei, proposta pelo Governo, desencadeou protestos ilegais com bloqueios de estradas que levaram a graves confrontos entre a polícia e os manifestantes.

Embora tenham sido relatados protestos em todo o país, uma das situações mais graves ocorreu em Bocas del Toro, com o corte de comunicações terrestres e despedimentos em massa de trabalhadores na província, que é em grande parte uma ilha e economicamente dependente dos setores da banana e do turismo.

Na província, a empresa de banana Chiquita Panamá, subsidiária da Chiquita Brands, com sede nos Estados Unidos, despediu 6.500 diaristas e funcionários administrativos, depois de ter alegado prejuízos superiores a 75 milhões de dólares (65 milhões de euros, à taxa de câmbio atual) causados pela greve.

O Governo do Presidente José Raúl Mulino tentou conter a crise em Bocas del Toro através do diálogo, com a Igreja Católica como garante, e declarou também o estado de emergência na província.

No entanto, o Presidente panamiano tem criticado duramente a greve dos produtores de banana, declarada ilegal a 16 de maio por um tribunal de trabalho da mesma província.

Num mês e meio de protestos, cerca de 30 polícias ficaram feridos em confrontos, havendo ainda um número desconhecido de manifestantes afetados, incluindo muitos indígenas.